O Ceará foi governado, no passado, por três grandes coronéis. Nos referimos a César Cals, Virgílio Távora e Adauto Bezerra (este último ainda entre nós).
Muita obra foi realizada durante estes períodos históricos. Mas, segundo relatos de alguns educadores da rede estadual de ensino, a Educação cearense não era uma das melhores do Brasil. Salários atrasados, professores acumulando 300 horas (que o diga a professora Josina Monteiro, viúva do ex-prefeito de Icó Aldo Monteiro), nomeações eram feitas através da politicagem barata e concurso público, que é bom, não existia de maneira nenhuma. Era outros tempos.
Jamais poderemos esquecer a gestão do ex-governador e economista Gonzaga Mota (que não era coronel), mas eleito, inclusive, com o apoio do coronel Virgílio Távora, de quem foi seu secretário de Planejamento.
Existia na época três PDS (briga grande internamente). O de Virgílio, o de César Cals e o de Adauto. O primeiro indicou Gonzaga Mota. Já o segundo preferiu indicar Wilson Gonçalves, que era senador, e o terceiro se auto indicou. Tudo coordenado pelo então doutor Leitão de Abreu, o homem forte do governo João Baptista Figueiredo.
No consenso, ficou acordado assim. Virgílio Távora ficaria com a indicação do nome do governador (fazendo o seu sucessor). Adauto Bezerra indicou o nome a vice-governador. E coube a César Cals lançar o candidato para a Prefeitura de Fortaleza. Tudo acertado, sacramentado e cumprido.
Foi durante o mandato de Gonzaga Mota, que um "bordão" ficou muito conhecido na rede estadual de ensino. As chamadas "Gonzaguetas" fez muito barulho entre os funcionários da educação (era tão humilhante que nem crédito nos supermercados tinha). Através delas, o governo liquidava o pagamento salarial dos professores. Era comum ouvirmos frases do tipo: "Hoje é o dia da gonzagueta." Era seu secretário de Educação, o atual conselheiro do Tribunal de Contas da União, ex-deputado federal Ubiratan Aguiar.
No seu tempo de chefe do Palácio da Abolição, Gonzaga Mota criou esta "moeda", com as quais pagava os pobres barnabés de um Estado àquela época falido, sem recursos nem para o custeio da folha de pagamento. E bota "dinâmica" nisso!
Mas, não só de "Gonzaguetas" vivia o Ceará. Além dos seis meses de salários atrasados entregue ao seu sucessor Tasso Jereissati (PSDB), o Estado há muito tempo vivia do loteamento de cargos no governo (vinha desde a época dos coronéis). Na educação, por exemplo, os "contratos" eram entregues a grupos políticos aliados espalhados pelo Interior. Se o camarada ou a camarada votasse nos seus candidatos, tinha o emprego assinado e autorizado.
No Icó (CE), município que, no passado, era muito respeitado por ex-governadores cearenses, sempre recebia estes "incentivos" meio obscuros. Não existia critério algum e a capacidade técnica não era levada a frente. O único quesito a se levar em consideração era eminentemente político.
Em nosso município, quem precisasse de algum "contrato" ou emprego na rede estadual de ensino, tinha que se dirigir a duas personalidades icoenses, além dos prefeitos de plantão. Trata-se da educadora Lourdes Peixoto (que, inclusive, já foi delegada de Educação) e a ex-primeira dama Gonçalinha Mororó (esposa do ex-prefeito e ex-deputado estadual Walfrido Monteiro), um dos melhores amigos do ex-governador Gonzaga Mota, à época. As duas tinham o poder da caneta e o aval das autoridades políticas dessa época marcada pelo período dos coronéis cearenses.
Por várias vezes, o "contrato" da nossa querida professora Marinete Menezes [dos tempos desse blogueiro no extinto Centro Icoense de Ensinos Técnicos - CIENTE] foi encaminhado para o município. O problema é que, também, por várias vezes, foi desviado. Até hoje não sabemos o que, de fato, aconteceu. É um verdadeiro mistério...
Resumo da Ópera: Com isso, até os dias atuais, "dona" Marinete não conseguiu o que era um de seus maiores sonhos. Tornar-se servidora pública estadual e se aposentar como tal. O que é uma lástima! Os seus préstimos e serviços, com certeza, engrandeceria o "cast" da Secretaria de Educação do Ceará.
A sua recompensa é ter visto, anos depois, duas de suas filhas (Rosarinha e Marineide), passar no concurso público justamente para vagas na rede estadual de ensino. Quis o destino que fosse assim. Ou será alguma perseguição política?
Enfim, as "Gonzaguetas" ficaram para trás. Hoje, o Estado, na Educação, está bem melhor. Apenas criticamos o modo de dialogar do governador Cid Gomes (PSB) com os professores. Sem piso salarial e em greve, só quem perde é a população cearense.
>>> ATENÇÃO: Saiba aqui como aconteceu o comício para o Governo do Ceará do então candidato Ciro Gomes, em 1990, na antiga Praça Marcial Teixeira Pequeno, em Icó (CE). Na época, o prefeito era o agricultor Oriel Nunes (PMDB), pai do atual prefeito Marcos Nunes (PMDB) e do deputado estadual Neto Nunes (PMDB). Durante alguns dias que antecedeu este ato político, o então gestor anunciou a reforma do espaço público. O que ninguém esperava era que ele mandasse "demolir" toda a praça só para atrapalhar o comício do irmão do atual governador com apoio, na época, do seu ex-inimigo político Quilon Peixoto Farias (PSDB). É na segunda-feira (05 de setembro). Não perca!