Acompanhado por um enfermeiro, Perissé foi levado para o segundo andar. E ali, ao entrar no primeiro quarto do corredor à esquerda, deparou-se com a cena que jamais esquecerá.
Metido em um pijama com listas azuis e brancas, ensangüentado na altura do coração, jazia o corpo do presidente Getúlio Vargas. A cabeça estava mais para o meio da cama de casal onde costumava dormir. O resto do corpo, mais inclinado para a esquerda. Um dos pés pendia da cama.
Havia três pessoas sentadas na cama: Alzirinha, sua filha, o marido Amaral Peixoto e o ministro Tancredo Neves, da Justiça.
A mulher de Getúlio, dona Darcy Vargas, desabara inconsolável numa poltrona próxima da cama. E numa cadeira ao pé da cama, o filho do presidente, Lutero, parecia em estado de choque. Ao seu lado, o ajudante-de-ordem Hélio Dornelles.
Perissé usou seu estetoscópio para verificar se o coração de Getúlio ainda batia. Não batia.
Levantou uma pálpebra, depois outra. Por fim, pingou éter nos olhos do presidente. Nenhum reflexo pupilar. O corpo ainda não esfriara.
Constatou marcas de pólvora nas mãos de Getúlio, indicando que ele as usara para aproximar o cano do revólver do seu mamilo esquerdo e puxar o gatilho. Ele atirou por cima da roupa.
– O que vão fazer com ele? – gemeu dona Darcy.
– O presidente Getúlio Vargas está morto – anunciou o médico.
Alzirinha teve a impressão de que o pai esboçara um sorriso quando ela irrompeu no quarto dele depois de ter ouvido o barulho seco do disparo. No instante seguinte, o sorriso sumiu.
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Pois bem! Hoje faz 57 anos que o ex-presidente da República, Getúlio Vargas, saiu da vida para entrar na história. Foi presidente durante dois períodos diferentes. E deixou um legado enorme para as novas gerações.
Como dica de leitura, o Blog sugere o livro "Agosto", de autoria do escritor Rubem Fonseca, e publicado em 1990. É uma das melhores obras historiográficas do Brasil, sem dúvida nenhuma. Foi dele que tiramos algumas ferramentas para construir este texto acima sobre a morte de um dos "políticos" que mais fez história na federação brasileira. Vale a pena ler!
Aqui, uma das edições do Repórter Esso sobre a morte de Getúlio