domingo, 28 de agosto de 2011

Artigo do Editor

A política icoense e seus mistérios

Por Voltaire Xavier (foto)
Jornalista

Confissão. Meu primeiro voto foi para o ex-prefeito de Icó (CE), Neto Nunes (PMDB). Não espalhe. Parafraseando o samba antigo: se eu soubesse, naquele tempo, o que sei agora, eu não seria este ser que tenta se explicar e explicar as anomalias da política icoense.

Que me lembre, estava-se votando contra o desmando do governo do também ex-prefeito Quilon Peixoto Farias (PSDB), que Neto extirparia do poder. Mas Neto não era só o anti-Quilon e Cia LTDA. Seu sucesso eleitoral se devia em grande parte à sua personalidade diferente, justamente ao fato de ser uma anomalia. Como aconteceria anos depois com o ex-prefeito Cardoso Mota/PSDB (aquele mesmo envolvido em corrupção e afastado duas vezes do cargo por improbidade adiministrativa), um fenômeno Neto Nunes sem o carisma e simpatia do primogênito do ex-prefeito Oriel Nunes (PMDB).

O Icó precisava de um prefeito não convencional para fazer o que os convencionais não faziam. Mas Neto foi anômalo demais.

Não sei se votei na figura excêntrica ou na sua promessa de mudar o Icó. A sujeira na época, vista desta distância no tempo, não parece tanta assim, a ponto de justificar o Neto Nunes. Não demorou para a História — ou a falta de memória — absolver Quilon Peixoto Farias, que hoje é homenageado como um ex-prefeito exemplar (que ironia!) e um excelente médico (inclusive por muitos de seus ex-inimigos políticos ligados à família Nunes. Antes, chamado de "Catatumba Branca"). Desde 2008 que o "casamento" entre os dois maiores grupos políticos icoenses foi realizado e continua até os dias atuais. Mas até quando permanecerá? Haverá divórcio? Ou a separação definitiva? Perguntas que não quer calar. Afinal, 2012 está bem próximo aí. Quem dá mais? Cuidado! O apresentador Sílvio Santos (SBT) está chegando por aí levando o seu "Baú da Felicidade". E haja dinheiro público...

Em meados da gestão que, teve como período os anos 1993-1996, na época ficou evidente o autoritarismo governamental (leia-se um certo secretário de Obras e que foi derrotado voltando para a Escócia) e o desejo de mudança (um rapaz jovem vencendo um candidato já experiente e caleijado), que levou muitos eleitores — inclusive estreantes como eu — a votar na juventude. Mais intrigante do que o governo de Neto Nunes e o entusiasmo da maioria do eleitorado de então pelas suas promessas, que já prefiguravam o que viria depois. Hoje estão unidos pelos laços do matrimônio, formando um grupo imbatível.

Eu não posso rasurar meu currículo de eleitor, mas o icoense pode corrigir suas opções do passado, esquecendo-as. Também não perdoamos o Cardoso?

Hoje, o município de Icó é governado pelo irmão do atual deputado estadual Neto Nunes. Trata-se do prefeito Marcos Nunes (PMDB), o responsável por ter tido uma eleição tranquila em 2008, colocando em seu palanque, nada mais, nada menos, do que quatro ex-prefeitos. É muita coisa para quem quer chegar ao poder pelas vias de fato e de direito.

Desse governo, se pode dizer que não é corrupto, como foi o de seu antecessor, com provas cabais apuradas pelo Ministério Público, à frente o promotor Luís Alcântara. Mas, a conclusão que tiramos dessa atual gestão é que ela é despreocupada. Não se governa sem uma "oposição" forte, principalmente, na Câmara Municipal. Daí, o motivo principal dessa despreocupação.

Pois bem! É despreocupada, também, por conta de seus fracos secretários (acomodados e sem projeto algum). Mas, com alguns ajustes, principalmente, em áreas vitais, daria um salto qualificativo. Nesse blog, criado em 2009, justamente no primeiro ano da gestão Marcos Nunes, muitas das vezes fui injusto com ele. Mas era necessário dizer para que saiba, por aqui, o que muitos gostaria de dizer e não tem coragem.

Por isso, pela minha parte, um pouco atrasado, peço desculpas. Sempre lembrando que este espaço continuará enaltecendo as ações, sem esquecer de criticar, quando for necessário. Aliás, o Blog só é o que ele é hoje por conta do jornalismo opinativo que implementamos nele. Aqui tem de tudo e assim permanecerá. O povo gosta é de textos próprios, sem o tão falado Ctrl C + Ctrl V.

Desculpe se extrapolei nas palavras e se alguém se sentiu ofendido. Mas este é o meu papel como comunicador.

Até mais...