quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Falta identidade, transparência e poder de independência na AL-CE

É triste assistir a TV Assembleia (canal 30) durante esta legislatura que é presidida pelo deputado Roberto Cláudio (PSB). Nós, como telespectadores, ficamos indignados como está sendo feito o direcionamento e a aprovação [ou rejeição] de requerimentos visando fiscalizar o governo Cid Gomes (PSB), reeleito na eleição de 2010. O que aconteceu nesta quinta-feira (15) é a gota d'água.

Um dos principais objetivos de todo e qualquer poder legislativo é fiscalizar as ações do poder executivo. Infelizmente, no Ceará, esta premissa básica está longe de ser cumprida pelos senhores deputados estaduais. É público e notório que o governo estadual tem uma base sólida, contando hoje na Assembleia Legislativa, nada mais, nada menos, do que com 42 parlamentares.

Desse jeito, é impossível fazer um trabalho fiscalizador. A impressão que temos é que os senhores deputados estão "ajoelhados" ao governador Cid Gomes. Um simples requerimento, de autoria do deputado Roberto Mesquita (PV), solicitando informações e despesas da Secretaria da Casa Civil é rejeitado pela ampla maioria, prejudicando a população, que tem o direito de saber o que realmente o governo faz e gasta, se utilizando de processos licitatórios para beneficiar os "amigos" dessa administração estadual.

Hoje é de dá pena os argumentos fornecidos pelo líder do governo, deputado Antônio Carlos/PT (foto). Na maioria das vezes, são só retóricas e afirmações vazias. A sua atuação nem de longe chega perto da atuação do líder do governo durante a primeira gestão Cid Gomes. Nos referimos ao deputado Nelson Martins, seu colega de partido, e que atualmente está licenciado em virtude de ter assumido, em janeiro, o cargo de secretário de Desenvolvimento Agrário.

Nelson era um líder embasado, com tudo na ponta da língua. Travou um excelente debate, à época, com o deputado Heitor Férrer (PDT) e com o então deputado Adahil Barreto (PR), que não conseguiu a sua reeleição em 2010. Já Antônio Carlos precisa se embasar mais, estudar mais sobre o governo que apóia e ir à tribuna com coerência.

O líder é petista, pertence a uma das correntes mais à esquerda no PT [a Democracia Socialista] e, portanto, relega a segundo plano tudo o que sempre defendeu antigamente, inclusive, ficando contra os professores da rede estadual de ensino perante o piso salarial nacional, já aprovado e sancionado em nível federal.

Falta identidade, transparência e poder de independência em alguns deputados estaduais. A grande maioria, inclusive o PSDB, prefere defender, com unhas e dentes, o governo, ao invés de fiscalizar e legislar em prol do bem comum. É hilário e chega a ser cômico.

Tirando os parlamentares Heitor Férrer, Roberto Mesquita, Augustinho Moreira (PV) e Fernanda Pessoa (PR), o restante fazem "ouvidor de mercador" aos problemas e dificuldades do Ceará e não justificam o salário bem pago pelo contribuinte que os colocaram no Palácio Adauto Bezerra para bem representar o povo cearense. Até o deputado Leonardo Pinheiro (PR), pelo qual pertence a um partido de oposição, vota a bel prazer a favor da administração estadual. E a legenda até hoje não se pronunciou sobre esta prática. É no mínimo muito estranho.

Enquanto isso, o "Férias no Ceará" e seus contratos milionários ficam sem fiscalização, as locações de palco e iluminação para eventos do governador ficam sem fiscalização, buffet's que são contratados com rios de dinheiro para beneficiar "amigos" também ficam sem fiscalização. E por aí vai...

Já a construção de kits sanitários para famílias de baixa renda é relegado a último plano. Não é à toa que foi estourado o "escândalo dos banheiros", de responsabilidade da Secretaria das Cidades, comandada por outro petista, o deputado licenciado Camilo Santana. Sempre o PT! É triste!

Falta dinheiro para ações básicas garantidas pela Constituição de 1988. E sobra dinheiro para a corrupção. Essa é que é a verdade!