Em 1998 tivemos eleição para presidente da República do Brasil, com três fortes candidatos. Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o eleito; Luis Inácio Lula da Silva (PT) e Ciro Gomes, então no PPS e hoje no PSB. Naquela ocasião, era a reeleição do primeiro, que havia sido aprovada pelo Congresso Nacional para beneficiá-lo eleitoralmente.
Com o instituto da reeleição aprovado e que continua até os dias atuais, fica um pouco difícil e complicado derrotar os candidatos que possuem as máquinas administrativas e um leque de aliados, muitas vezes por motivos interesseiros e pessoais.
Naquele ano, Ciro Gomes já era bastante conhecido na cena política brasileira. Já tinha sido prefeito de Fortaleza, deputado estadual [seu primeiro mandato], governador do Ceará e ministro da Fazenda no fim do governo Itamar Franco. Já tinha pertencido ao PDS, ao PMDB e ao PSDB. Mas foi o PPS que lhe deu espaço para disputar, pela primeira vez, a Presidência da República.
Como governador do Ceará deixou um legado no município de Icó (CE). Inaugurou o Centro de Referência Padre José Alves de Macêdo, o nosso Cirão; inaugurou a Casa de Cultura Mariinha Graça, o Centro de Nutrição "Viva Criança" e o Centro "Viva Mulher". Era prefeito, o médico Quilon Peixoto Farias, na época no PSDB e hoje no PSD. A gestão municipal de então apoiava integralmente a administração Ciro Gomes. Quando Tasso Jereissati o sucedeu, o tucano esqueceu totalmente a terra icoense. Dizem as más línguas que o ex-senador nunca tolerou alguns "políticos" desta municipalidade, desde o mandato do ex-prefeito Aldo Monteiro (in memorian). E, com isso, o povo foi castigado nos seus governos subsequentes.
Mas, mesmo sabendo do apoio dado pelo ex-governador Ciro Gomes ao governo icoense de Quilon Peixoto Farias, o médico preferiu se omitir e se ausentar da campanha política do primeiro rumo a Presidência do Brasil em Icó.
Sequer compareceu ao comício realizado em frente a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Expectação, o que acarretou comentários de diversas lideranças locais. Muitos de seus aliados de outrora estiveram presentes para prestigiar Ciro Gomes, como os icoenses Miguel Vilarouca e Hermano Limeira. Para muitos, foi uma "traição" a tudo o que o ex-governador tinha feito pelo Icó no exercício do mandato como chefe do poder executivo estadual. Quem se destacou neste ato com o seu discurso foi a professora Francisca Ricarte, conhecida como professora "Pata", fiel defensora da família Ferreira Gomes.
Esta é mais uma história de traição registrada nos anais de nossos "políticos" icoenses, ávidos pelo poder a qualquer custo. O fato é que alguns não reconheceram o trabalho deixado por Ciro Gomes em Icó. Hoje, o seu irmão é o governador do Ceará, estando em seu segundo mandato, reeleito que foi em 2010.
# Aguarde: Na próxima segunda-feira (24), o "Tiradas do Baú" trará a história de Tio Miguel, nosso eterno historiador e que já está morando no Reino dos Céus. Não perca! É na semana que vem em comemoração aos 169 anos de emancipação política e de história de Icó.