Por Rogério Maia (foto)
No dia 16 de outubro, às 20 horas, entrou em cena o último espetáculo da exposição teatral do VII Festival de Teatro de Fortaleza. Nele, além de peças de diversos estilos e gêneros e para diversos públicos, o festival também trouxe shows, oficinas e seminários. O último seminário aconteceu no dia 14, o qual eu tive a honra de participar. Ele trouxe como temática “O papel da imprensa na construção do olhar sobre a Arte e a Cultura da cidade”. Debatido no foyer do centenário Theatro, estiveram presentes o editor do caderno ‘Vida e Arte’ do Jornal O Povo, Magela Lima, e o jornalista fora de atividade, Sérgio Carvalho, que é atualmente diretor da Cia. Latão (SP).
Muitas observações e questões sobre o mundo do jornalismo cultural foram levantadas, e aqui, neste artigo, trago algumas para refletirmos. Alguém já percebeu que os jornais locais só fazem matérias sobre a cena cearense quando se trata de estreias? Alguém já notou que o “teatro de rua” é o menos divulgado nas grandes mídias? Por qual motivo os artistas de novelas recebem mais destaque nas páginas de um jornal quando chegam para apresentar num palco cearense?
Os artistas não querem e nem apresentam a necessidade de estarem aparecendo nas páginas de jornais ou telas da televisão. A questão não é essa! O que se quer é o reconhecimento e apoio da imprensa local que só valoriza o que é de fora do estado ou do país. Nesse nosso mundo de mercado, o que é divulgado nas grandes mídias é mais valorizado. E é isso que a cena cearense busca. Aí está a resposta das peças e produções de fora serem sempre lotadas, enquanto que na maioria das vezes quem assiste aos espetáculos locais são a própria classe ou os parentes dos artistas atuantes.
O VII Festival de Teatro de Fortaleza vem com essa ideia de resgate da mostra local, difundindo também as artes cênicas em espaços alternativos da cidade. E isso é bacana! Para as peças e produções de fora, aqui temos o Festival Palco Giratório que faz essa mistura. Mas vale salientar que nem sempre esses festivais atingem a grande massa. Muitos não “se interessam” no “ver teatro”, pois culturalmente isso não é forte aqui no Estado como em outros lugares.
A classe teatral, a classe cênica em geral, (e quando falo cênica refiro-me a teatro, dança, música e outras artes do estilo) tem se esforçado para conquistar esse público. Mas como elas podem chegar à massa? Meios de comunicação de massa é a resposta! As empresas devem dar aberturas para que isso ocorra, pois sabemos que os jornais são geralmente focados para as classes mais altas.
Outra maneira de alcance de massa tem sido as redes sociais, onde os artistas já conseguem encher uma sala de espetáculo só com divulgação via internet, sendo assim seus próprios assessores de comunicação.
Será que não é hora de se pensar em valorizar também a arte local? Grupos como Teatro Máquina e Grupo Bagaceira, assim como outros, fazem excelentes trabalhos, mas não muito dissipados para a população em geral por falta de apoio das grandes mídias de massa que só se interessam em divulgar o que já vem com público certo (atores da televisão). Que mais incentivos as autoridades poderiam realizar para aumentar essa participação de jovens e fortalezenses em espaço cênicos cearenses? O Festival trás essa ideia, mas será que nossas grandes mídias também não poderiam colaborar com essa questão? Uma só andorinha não faz verão! Já que o mundo da concorrência faz com que todos sigam padrões, o que vocês, empresas de comunicação, estão esperando para valorizar a arte local? Fica a dica!
# Currículo: Rogério Maia é estudante do 6º semestre do curso de Jornalismo da Faculdade Integrada do Ceará (FIC). Concludente do curso Princípios Básicos de Teatro, do Theatro José de Alencar. Apreciador de música, teatro, dança, circo, artesanato e outras artes em geral. Amante da escrita e da leitura, fascinado em escrever crônicas e contos trágicos com pitadas apimentadas de surpresa e romance. É ainda assessor-estagiário da Secretaria Executiva Regional III, da Prefeitura Municipal de Fortaleza, e foi produtor do Rock in Rio, no Rio de Janeiro, considerado o maior festival de música do Planeta. O seu artigo é publicado sempre aos domingos.