Um pouco diferente do que os artigos costumam dizer em seus resumos, aqui, apresentarei de forma interrogativa do que se trata este conjunto de palavras e ideias.
Como surgiu a TV aqui no Brasil? Que influências sofreu? Existe ética no Jornalismo? E nas emissoras de Televisão? Que atenção é dada para a programação regional? Quais os direitos e deveres de um jornalista na lei? Como é a relação Mídia e Poder? Como essas emissoras se inserem em nossas casas? O que o público dessas grandes empresas absorve?
Estas e outras questões serão aqui discutidas.
>>> Inserção da TV no Brasil
Como muitos sabem a televisão brasileira não começou baseada na concessão de utilidade pública que é dada pelo governo "exigindo" uma programação que passe informação, cultura, entretenimento e educação, mas sim na ideia de ganhar dinheiro em cima desse novo meio de comunicação. A TV inicialmente era vista como uma empresa para se ter lucros, e ainda hoje é assim.
Importando o modelo da TV americana, que é baseada em programas de auditório e seriados, a TV brasileira, iniciada com Assis Chateaubriand, veio crescendo e influenciando diretamente a sociedade contemporânea. E pela maior parte dos telespectadores, o que aparece na TV é tido como verdade. Ela interfere diretamente na vida das pessoas, e em parte é responsável pelo o que as pessoas pensam, agem e são, quando passam a ter como modelo de vida a TV, seguindo suas modas, confirmando seus discursos não convincentes de estereótipos e preconceitos, querendo assim, a emissoras com suas programações, manipular a massa.
Massa essa, que não recebe diferenciações e nem atenção, pois estão apenas sendo cobaias do regime televisivo que se segue da seguinte forma: "Quero gastar o mínimo possível, para ter o maior lucro possível, dentro do menor prazo possível". É preciso uma reeducação das pessoas que assistem TV, pois estas estão sendo enganadas quando, de maneira fácil, só aceitam as coisas que este poder impõe sem questionar nada, e o pior ainda levam para si o que este meio passa de pior.
>>> A utopia da ética jornalística
Existem profissionais da área jornalística éticos? Existem, assim como existem políticos que não são corruptos, como existem policiais que não abusam de seu poder, como existem médicos que realmente se importam em salvar a vida das pessoas.
Mas como essa ética é perdida? Ética é uma questão de personalidade e nada tem haver com o fato de eu ganhar pouco ou muito. Não aceito que uma pessoa possa se converter a corrupção ou outros ramos negativos que ferem sua ética e até dignidade por questões financeiras, mesmo sabendo que existem casos disso. Conheço pessoas muito humildes que são extremamente éticas, o que prova que nada tem haver o ganhar dinheiro com sua conduta. É uma questão de escolha e não de conseqüência salarial baixa.
>>> Quais os direitos e deveres?
Está na Constituição, quando em 1991 é publicado o Conselho de Comunicação Social (CCS), como órgão auxiliador do Congresso Nacional, que o CCS é o último estágio de regulamentação profissional da categoria. Mas que é distorcida pelas mídias e até por profissionais que inocentes e sem informações ou por medo de seus empregos, dizem e saem repassando com orgulho, como se defendessem sua própria vida, que o Conselho será um órgão do Governo para censurar os profissionais, alguns apelam e dizem "É a ditadura de volta!"
Daí, paramos para pensar se não seria dever do jornalista, pesquisar, antes de simplesmente passar a informação para frente? Se as emissoras têm esses discursos, será que não é pelo fato de que elas podem perder algo? Esses profissionais que sabem da inverdade repassada e assim também o fazem, não estão também sendo antiéticos com a profissão e consigo mesmo?
Pensando, me questiono porque muitos profissionais da área que se prestam a papéis ridículos pelo fato de um superior pedir. Eles não se questionam sobre isso? Será que não sabem que por lei não podem ser demitidos por se negarem a fazer algo que firam sua conduta ética. Isso está no Código de ética dos jornalistas. Deve pensar que a ética é escolha e não algo obrigatório como conseqüência da vida ou profissão difícil.
>>> A ética na TV
E a ética da TV onde está? As emissoras tomam para si o poder de manipulação a partir do momento em que o fato de assistir sua programação passou a ser algo cultural. Antes as pessoas se reuniam nas casas das pessoas para assistirem a programação apresentada, era uma forma de juntar as pessoas. Hoje não, ela faz o contrário, ela exclui e separa as pessoas, pois agora a maioria das casas dos brasileiros tem mais de um aparelho de TV e isso faz com que a família se separe ao invés de eu estar reunida na mesa para almoço, estão fragmentados de frente aos televisores que alienam, na sala ou isolados em seus quartos. Ela também é responsável pela exclusão social, quando mostra em suas novelas, o reforço ao preconceito, programas que estereotipam ainda mais o que não é visto pela sociedade como algo bom e correto.
A ética também está relacionada ao fato da censura que na história começou com o governo, no regime ditatorial. Do governo passou para as empresas por medo de perder seus produtos para a repressão. Mas a terceira e a pior censura é a do próprio profissional com ele mesmo. Chega a ser um crime! Pois, profissionais como nós devem fazer valer o verdadeiro sentido da profissão, mostrar qual o objetivo e funções da profissão dentro da sociedade e para a sociedade.
>>> Mídia e Poder
A mídia televisiva tem um poder sobre as pessoas que tem acesso a ela, e são pouquíssimas as que não se deixam hipnotizar. Desde a moda ao candidato que você vai votar na eleição, tudo ela dá sua pitadinha de controle sobre você. A sua comida, a sua forma de pensar, até em seus bordões de personagens de novelas, seriados e programas, tudo é passado para esta sociedade que quase nunca filtra o que é injetado em seus conceitos.
Sociedade que aceita isso como cultura e exemplo a ser seguido. "Ora, se passou na televisão é por que é verdade". Nem sempre é assim, ou melhor, quase nunca é assim. A TV é um dos meios de comunicação de massa que mais fortalece o consumismo. As pessoas estão sendo todo dia, por várias maneiras sendo bombardeadas pelo "compre agora", "peça já o seu".
>>> Como as TVs se inserem em nossas vidas no cunho regional?
A programação regional cearense, de fato, não é muito aproveitada pela maior parte das emissoras locais que se refugiam para as imoralidades da imprensa marrom. A arte, cultura, culinária local, dentre outras coisas não são anunciadas como maior destaque como deveriam.
"Para os "coleguinhas" todo crime é "um lamentável fato" e apesar da TV mostrar ao vivo e a cores, as chacinas e execuções, há quem chore com os parentes, que choram e que pintam com cores dramáticas o sangue humano derramado. Há estações que adotam uma política mais discreta ao mostrar os corpos dilacerados. Mas que diferença faz mostrar uma poça de sangue, os pés do morto ou um chinelo largado ao chão?
Os apresentadores desses programas, quase todos, usam seu "prestígio" na televisão para se candidatarem nas eleições. E abordam temática deploráveis, apelando para as baixarias de brigas, teste de DNA, intimidades familiares expostas na TV para quem quiser ver e ouvir e ainda ridiculariza quem participa. O principal aqui não é mostrar a "ajuda" que o programa está dando, mas sim a audiência que esta programação trás, pois o povo gosta disso. Mas será que ele, o povo, não gosta de outra coisa pelo fato nunca ter tido outra coisa?
Na faculdade, o jornalista Moacir Maia sempre dizia que se um cachorro que come ossos, começar a comer carne de primeira não vai mais querer comer novamente o ossinho. Assim deve ser feito também com a programação televisiva.
>>> Conclusão
Assim, podemos perceber que a programação da TV deve ser vista com olhos diferentes, deve ser reformulada e seguir mais a risca o que é exigida pela concessão. E que a ética é uma questão de escolha e personalidade e não uma conseqüência do dinheiro.
# Currículo: Rogério Maia é estudante do 5º semestre do curso de Jornalismo da Faculdade Integrada do Ceará (FIC). Concludente do curso Princípios Básicos de Teatro, do Theatro José de Alencar. Apreciador de música, teatro, dança, circo, artesanato e outras artes em geral. Amante da escrita e da leitura, fascinado em escrever crônicas e contos trágicos com pitadas apimentadas de surpresa e romance. É ainda assessor-estagiário da Secretaria Executiva Regional III, da Prefeitura Municipal de Fortaleza. Rogério estreia hoje como articulista de "Entretenimento e Arte". O seu artigo será sempre publicado nas sextas-feiras.