sábado, 27 de outubro de 2012

Eu sou Voltaire Xavier Guarani Kaiowá.

Cento e setenta indígenas, entre homens, mulheres e crianças, da etnia Guarani-Kaiowá, no Mato Grosso do Sul, estão dispostos à morte coletiva, diante da ameaça de expulsão de suas terras por decisão da Justiça Federal. A tragédia foi anunciada em carta destinada pelos índios ao Governo e Justiça do Brasil. Por todo o País, surgem manifestações de solidariedade aos Guarani-Kaiowá por parte de jornalistas, ativistas e outras pessoas que se sensibilizaram. Inicialmente pelas redes sociais, o movimento começa a ganhar as ruas. Em Fortaleza, o ato público vai acontecer neste sábado, 27, às 10h, na Praça dos Leões.
 
Na foto: Lucas Moreira Victor, ativista dos direitos dos animais, militante do PSOL e apoia o movimento em favor dos índios Guarani-Kaiowá, usando o nome Lucas Moreira Guarani Kaiowá

"É uma preparação para o ato nacional unificado que deverá acontecer no dia 9 de novembro”, informa a historiadora e ativista Andrea Saraiva, da comissão organizadora da manifestação em Fortaleza. Ela considera que a situação enfrentada pelos Guarani-Kaiowá pode resultar em mais um capítulo da história de genocídio que ocorre com as nações indígenas desde que o Brasil começou a ser colonizado pelos portugueses.

Na carta que vem emocionando grande parte da população brasileira, os Guarani-Kaiowá expressam no trecho mais dramático: "Pedimos ao Governo e à Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas decretar nossa morte coletiva e enterrar nós todos aqui. Pedimos, de uma vez por todas, para decretar nossa extinção/dizimação total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar nossos corpos. Este é o nosso pedido aos juízes federais".

Andreia acrescenta que o ato de sábado é também uma forma de chamar a atenção da sociedade para as comunidades indígenas do Ceará, que enfrentam conflitos ligados às suas terras. Para tanto, foram convidados representantes dos povos Tapeba (Caucaia), Jenipapo-Kanindé (Aquiraz), Anecés (Pecém), Pitaguari (Pacatuba).

A programação terá início com acolhida às 10h, seguida de apresentações artísticas e roda de conversa com representantes de comunidades indígenas cearenses, mediada por Soraya Tupinambá, da Associação para o Desenvolvimento Local (Adelco). Serão ligadas a Carta dos Povos, elaborada pelo Fórum Popular da Terra, e a Carta dos Guarani-Kaiowá. Por fim, os presentes serão convidados a participar do toré, dança ritual, indo da Praça dos Leões até a Praça do Ferreira e retornando ao ponto de partida.
 
# Texto extraído do site da Agência da Boa Notícia - http://www.boanoticia.org.br