Esta manchete vem sendo postergada já a algum tempo e aos poucos driblada pela coragem e ousadia dos que fazem o Jornal Folha do Salgado. Entretanto, como tudo que é desgastante, um dia cansa e chega ao final. Chegou finalmente o dia de dizer que não é possível continuar. Duas semanas se passaram, depois da reunião que sacramentou o fim do Jornal, e durante este tempo deveria escrever este editorial. Talvez relutasse em admitir o óbvio, em falar do final. Agora o escrevi em apenas 10 minutos. E além do que aqui está, nada mais há o que dizer
Iniciamos o Folha do Salgado em 1998, como sempre, um projeto de muitos sonhos e desejos de transformação. De lá para cá, com exceção de um breve período de um ano em que ficou fora de circulação, contamos, com ética, decência e honestidade, a vida e a história desta cidade e alguns fatos relevantes da região. Tudo e sempre, dentro do espírito das saudáveis regras do jornalismo.
O relevante trabalho realizado pelo jornal Folha do Salgado para contar a história da cidade, é algo tão precioso que não tem como avaliar. O jornal escrito é documental, deixa os textos e as fotografias impressas guardadas definitivamente na bagagem do tempo. O Icó, todavia, por sua pobreza cultural, pouco percebeu esta importância e pouco fez para manter o periódico em circulação. Nós, que sacrificamos tempo e dinheiro para que ele se mantivesse vivo durante estes 12 anos, sempre entendemos bem porque ele deveria existir, e por esta finalidade lutamos até hoje.
Deixamos, em 12 anos de trabalho, as impressões do tempo em que vivemos. Neste tempo, com períodos bastante conturbados, geramos documentos para que no futuro, quando os filhos da educação e da pesquisa quiserem sustentar suas teses sobre o município e sua gente, encontrem a fonte onde poderão beber. Temos absoluta certeza, que se o Folha do Salgado não existisse, os acontecimentos daqueles tempos estariam definitivamente perdidos, como perdidos ficaram outros tantos momentos da pobre história da terra dos Icós.
Por muitas vezes falamos sobre as dificuldades que temos enfrentado para manter o jornal em circulação, agora não há mais o que comentar sobre estes fatos.
Resta agradecer, de coração escancarado, a todos aqueles que contribuíram para que o Folha do Salgado sobrevivesse durante estes longos e cansativos anos. Assinantes, anunciantes, incentivadores, críticos e leitores. Agradecimento maior ainda aos que dirigiram, editaram, escreveram, fotografaram, diagramaram, venderam, entregaram o nosso jornal. Todos fazem parte da peça teatral que agora chega ao seu final. É claro que nem todos foram flores que se pode cheirar. Houve ingratidões e até mesmo um processo na justiça do trabalho tivemos que enfrentar. Mas esta é a parte desonesta e ingrata, sobre a qual não vale apenas falar. O que importa é que continuamos a acreditar na vida, na honestidade, na gratidão e na ética. E por este prisma, quase todos foram flores que se pode cheirar.
Amamos o torrão em que nascemos, porque esta é nossa pátria e sobre ela devemos sempre derramar todo o bem, traduzido em talento, inteligência, educação, competência, empreendedorismo, cultura e arte. Um dia, e espero que não seja tão longe assim, estas virtudes se transformarão em verdades. Aí, encontraremos o caminho que nos falta, com o fraquejar do individualismo e o fortalecimento da coletividade.
Não esperamos pelos louros dos nossos feitos. Icó é muito pobre de história, basta ver quantos icoenses nobres, em virtudes e talentos, foram esquecidos nos anais do tempo e a cidade nem mesmo relembra seus feitos. O que nos envaidece é o fato de ter contribuído para a boa estatística que atestava que o Icó tinha um jornal escrito. Agora, e por estas razões, nada esperamos de reconhecimento, só nos resta lamentar que a história possa dizer: Icó já teve um jornal.
Finalmente desejo citar um trecho de um verso belíssimo musicado por Milton Nascimento: "A história é um carro alegre, cheio de um povo contente, que atropela indiferente, todo aquele que a negue".
Getúlio Oliveira
Editor
Editor
EM TEMPO: Lamentamos profundamente o fechamento do único jornal impresso icoense, o Folha do Salgado, que um dia fomos um de seus colunistas com muito prazer. Mas não entraremos no bate-rebate feito por um certo escritor de Icó, quando ele faz duras críticas a este escriba na mesma edição em que o proprietário do jornal anuncia o seu fechamento. Não vamos responder mais em respeito a nossa mãe, prima legítima do autor do texto em questão e publicado no último número do Folha do Salgado e que ficará nos seus anais, já que não circulará mais. Só afirmamos que continuaremos criticando quando for necessário, como também, elogiaremos quando for preciso. E isso fazemos constantemente no nosso singelo blog, basta ver os últimos elogios que fazemos a gestão municipal. Jamais atacamos o município de Icó por atacar. Nós apenas criticamos certas ações de alguns políticos desse município. E assim vamos continuar fazendo. Não temos nada contra os membros da família "Nunes". Muito pelo contrário. Já votamos três vezes neles (Neto Nunes para prefeito em 1996 e 2000 e para deputado estadual em 2006). Só não estamos seguindo o seu irmão Marcos Nunes (PMDB) justamente por conta dessa aliança mesquinha, acomodada e cheia de perseguição. O povo de Icó sabe porque não apoiamos politicamente este grupo que aí está ora administrando o Palácio da Alforria. Se houver um rompimento, poderemos, quem sabe, sermos o primeiro a apoiar a reeleição do atual chefe do poder executivo local. A mágoa, prezado primo, é muito grande! Você nem imagina! Dr. Quilon Peixoto Farias, seu irmão, é um ótimo médico, que através de suas mãos nos trouxe ao mundo (não duvidamos disso e nunca o chamamos de "catatumba branca"). Mas como prefeito foi um fiasco e não tinha autonomia nenhuma. Os icoenses sabem disso! Pode até ser uma "questão pessoal" de nossa parte (como queira pensar), mas a mágoa é tão grande que não dar. O próprio prefeito Marcos Nunes e o próprio deputado estadual Neto Nunes sabem os verdadeiros motivos pelo qual nós e meus pais não apoiamos eles em 2008 e em 2010 (os dois foram contactados em relação a isso). Como muitos de sua família também não os apoiaram. Sem mais delongas, não vamos continuar com este assunto. Apenas deixamos este registro aqui para a ciência dos leitores e das leitoras. Vale frisar o seguinte: reconhecemos a educação dos membros da família "Nunes", a começar pelo chefe do clã, ex-prefeito Oriel Guimarães Nunes, que sempre foi atencioso com os nossos pais e quando os ver faz "aquela festa". Então, vamos parar por aqui, deixando só estes esclarecimentos que considero necessários. Só para encerrar: sempre deixamos bem claro que o nosso Blog é opinativo, uma ferramenta no jornalismo que nos dar direito. Aqui expressamos a nossa opinião sobre vários assuntos. Acata quem quiser! Fica a dica!
Para refletir: "Tenho mais medo de três jornais do que de cem baionetas" (Napoleão Bonaparte).
(Ele quis dizer o seguinte: Que ele temia mais o poder dos jornais do que o poder das armas, dos guerreiros e dos poderosos. E assim sempre agimos desde o ano de 2003, quando iniciamos a carreira no jornalismo. E, para quem não sabe, baioneta é tipo uma faca, um punhal).