terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Artigo - Tema de Hoje (Cultura)


A tradição da comunicação

Por Prof. Nilza Braga (foto)

Olhando a tela do computador perco a paciência ante a mensagem de “falha no carregamento da página”, que me aparece pela quinta vez em dez minutos. Tantos emails a aguardar resposta, tantos formulários a preencher, notícias a ler, novidades a partilhar e ... “falha ao enviar”! Prazos a cumprir, obrigações a despachar, saudades a matar e ... “impossível enviar , tente novamente mais tarde”. Mas, numa tentativa de diminuir o estresse, começo a recordar os métodos de comunicação anteriores à Internet. Alguém se lembra das cartas? Mensagens escritas à mão, colocadas em envelopes e seladas, levadas à agência dos Correios. De lá seguiam em carros, trens ou aviões, em busca de seus destinatários. Se na mesma cidade, quase sempre a entrega era feita no dia seguinte (se fosse dia útil, claro... ou se fosse dia de entrega naquela rua...). Cidades próximas, ou capitais receberiam a mensagem em dois ou três dias. E havia as cidades do interior, difícil acesso, poucos funcionários. Muitas vezes o convite chegava depois da festa. A notícia da gravidez chegava quando o bebê já estava nascendo. O aviso da viagem próxima chegava depois da visita ter ido embora. A cobrança chegava depois da quitação da conta. O remédio chegava depois do enterro. Mas a troca de cartas fez parte de nossa tradição durante muito tempo. Como hoje se diz “Me liga!”, dizia-se “Me escreva!”, e a gramática era esquecida para que o amigo fosse lembrado. Antigamente havia a desculpa do extravio misterioso das cartas, que jamais chegavam ao destino e nem voltavam ao remetente, assim como hoje há o ‘sistema fora do ar’ para justificar atrasos e esquecimentos. Os sistemas evoluem, as pessoas amadurecem, mas a essência humana ainda é a mesma.

# Currículo: Nilza Braga, professora de Inglês do Ensino Médio, formada em Letras pela Fac. de Ribeirão Pires (SP). Adotou Fortaleza como sua há 20 anos e trabalha na rede estadual de ensino. Vegetariana, espírita, apaixonada pela profissão, mantém em precário funcionamento o http://nilzasonapaz.blogspot.com/ mas é figura fácil no Orkut, Twitter, MySpace, Facebook e mais alguns, com o codinome "Nilza só na Paz".