Passava das 20 horas, mas no interior do escritório de Tasso Jereissati (PSDB), no bairro Aldeota, em Fortaleza, sobravam óculos escuros e olhos inchados. O senador, não reeleito ontem, reuniu família, amigos e assessores para reconhecer o que as urnas já confirmavam: após 24 anos, não comemoraria uma vitória com a famosa trilha sonora que o acompanhou por toda a sua trajetória.
A que vai se dedicar nos próximos anos? “Aos meus netos”. Ontem pela manhã, era apenas esse o plano B do homem que deu nome a uma era: a do marco da derrota dos coronéis em prol da modernidade do Ceará, em meados da década de 1980.
De lá para cá, foram três governos - com um centro administrativo que ficou famoso - e um mandato de oito anos no Senado, de oposição ao Governo Lula (PT).
E foi justamente essa queda de braço com o presidente, que lhe custou um novo mandato. “Isso é uma visão totalitária. Porque não entendem que oposição é essencial”, disse, ontem pela manhã, ao votar, na Faculdade Farias Brito.
É que ao solicitar votos para seus candidatos ao Senado, Eunício Oliveira (PMDB) e José Pimentel (PT), Lula minou as mais de 60% das intenções de voto que o tucano gozava no começo da campanha.
Essa “virada no jogo”, Tasso atribuiu ao “volume de poder e de recursos”. “É uma coisa massacrante”, reconheceu o tucano, ainda baseado no empate técnico entre os três candidatos, mostrado, no último sábado na O POVO/Datafolha.
Diante do “massacre”, nem as palmas dos seus eleitores - no momento em que chegou para votar -, nem 1,7 milhão de votos foram suficientes para manter o líder tucano por mais oito anos no Senado.
Durante o dia, o discurso e a fisionomia tensa já demonstravam um Tasso conformado com todas as possibilidades, inclusive, a da derrota. O que, para ele, até um mês atrás, era algo inimaginável: “o importante na política não é somente que você ganhe todas as eleições, é que você mantenha a sua coerência”.
Mágoa
Apesar de demonstrar toda sua mágoa, o tucano preferiu não comentar sua relação pessoal com o ex-aliado, Ciro Gomes (PSB). “Isso é outra questão”.
Mas criticou o que chamou de “um grupo só” - a família Ferreira Gomes - líder de um governo do qual afirma “não acreditar mais”. “É o que se chamava antigamente de oligarquia”.
Família essa, em que Tasso lançou o primogênito na política, Ciro, em 1988 prefeito de Fortaleza. E ajudou, em 2006, ao “lavar as mãos”, na disputa entre o então correligionário, Lúcio Alcântara (ex-PSDB, hoje PR) e o irmão mais novo, Cid Gomes (PSB). E que agora o derrota, após um tardio rompimento.
O desfecho ontem à noite foi o vazio, contrastante ao frenético assédio da manhã: nem militância, nem imprensa. Só os mais próximos, inclusive dois cardiologistas, que o acompanharam na saída pela porta da frente do escritório.
E silêncio. As palavras estão prometidas e pensadas para hoje.
Anos 80
A que vai se dedicar nos próximos anos? “Aos meus netos”. Ontem pela manhã, era apenas esse o plano B do homem que deu nome a uma era: a do marco da derrota dos coronéis em prol da modernidade do Ceará, em meados da década de 1980.
De lá para cá, foram três governos - com um centro administrativo que ficou famoso - e um mandato de oito anos no Senado, de oposição ao Governo Lula (PT).
E foi justamente essa queda de braço com o presidente, que lhe custou um novo mandato. “Isso é uma visão totalitária. Porque não entendem que oposição é essencial”, disse, ontem pela manhã, ao votar, na Faculdade Farias Brito.
É que ao solicitar votos para seus candidatos ao Senado, Eunício Oliveira (PMDB) e José Pimentel (PT), Lula minou as mais de 60% das intenções de voto que o tucano gozava no começo da campanha.
Essa “virada no jogo”, Tasso atribuiu ao “volume de poder e de recursos”. “É uma coisa massacrante”, reconheceu o tucano, ainda baseado no empate técnico entre os três candidatos, mostrado, no último sábado na O POVO/Datafolha.
Diante do “massacre”, nem as palmas dos seus eleitores - no momento em que chegou para votar -, nem 1,7 milhão de votos foram suficientes para manter o líder tucano por mais oito anos no Senado.
Durante o dia, o discurso e a fisionomia tensa já demonstravam um Tasso conformado com todas as possibilidades, inclusive, a da derrota. O que, para ele, até um mês atrás, era algo inimaginável: “o importante na política não é somente que você ganhe todas as eleições, é que você mantenha a sua coerência”.
Mágoa
Apesar de demonstrar toda sua mágoa, o tucano preferiu não comentar sua relação pessoal com o ex-aliado, Ciro Gomes (PSB). “Isso é outra questão”.
Mas criticou o que chamou de “um grupo só” - a família Ferreira Gomes - líder de um governo do qual afirma “não acreditar mais”. “É o que se chamava antigamente de oligarquia”.
Família essa, em que Tasso lançou o primogênito na política, Ciro, em 1988 prefeito de Fortaleza. E ajudou, em 2006, ao “lavar as mãos”, na disputa entre o então correligionário, Lúcio Alcântara (ex-PSDB, hoje PR) e o irmão mais novo, Cid Gomes (PSB). E que agora o derrota, após um tardio rompimento.
O desfecho ontem à noite foi o vazio, contrastante ao frenético assédio da manhã: nem militância, nem imprensa. Só os mais próximos, inclusive dois cardiologistas, que o acompanharam na saída pela porta da frente do escritório.
E silêncio. As palavras estão prometidas e pensadas para hoje.
Anos 80
Liderança no Centro Industrial do Ceará
Nos anos 1980, integra grupo de jovens empresários cearenses inconformados com o continuísmo político e problemas sociais e econômicas do Estado
1986
1986
É eleito, pela 1ª vez, para o Governo
Tasso aceita o desafio de candidatar-se para o Governo, num processo histórico que pôs fim ao chamado “ciclo dos coronéis” que dominava a política do Ceará
1988
1988
Elege Ciro Gomes para prefeito
Dois anos após chegar ao controle político do Estado,Tasso apóia o então deputado estadual Ciro Gomes para prefeito de Fortaleza e sai vitorioso
1990
1990
Faz sucessor no Executivo Estadual
No fim do primeiro mandato, já na década de 90, Tasso Jereissati elege o então prefeito de Fortaleza, Ciro Gomes, como seu sucessor à frente do Governo do Estado
1994
1994
Volta ao comando do Governo do Estado
Com apoio do afilhado político Ciro Gomes, Tasso volta à chefia do Executivo cearense, consolidando a “era das mudanças”
1998
1998
Reeleição para o Governo do Estado
Mesmo depois de dois mandatos de governador, Tasso conquista mais quatro anos de gestão estadual, na primeira reeleição da história do Ceará depois da redemocratização
2002
2002
Faz sucessor no Estado pela 2ª vez
O poderio de Tasso apresenta os primeiros sinais de cansaço, mas ele consegue eleger, com dificuldades, o sucessor Lúcio Alcântara, e vai para o Senado
2010
2010
Derrota para o Senado
Depois de oito anos de forte oposição ao governo Lula e rompido com o governo Cid Gomes, perde a reeleição.
* Fonte: Jornal O Povo (texto dos jornalistas Magela Lima e Giselle Dutra).
* Fonte: Jornal O Povo (texto dos jornalistas Magela Lima e Giselle Dutra).