Um amigo vem conversar e mostrar sua mais recente aquisição: o telefone celular, que não se limita a ligar e receber chamadas. Sincronizado ao computador de sua casa, tem todos os arquivos de que ele se utiliza durante o dia, com apresentações e gráficos, que podem ser atualizados à vontade. Acesso ultrarrápido à Internet, com todas as possibilidades do “cyberspace”, todas as redes sociais ao alcance de um toque na tela. Localizador, através de um preciso GPS, que mostra o caminho do trabalho à pizzaria. E faz a cotação de preço da pizza, além de informar quantas calorias ela tem e quantos passos ele deverá dar na academia para queimar o excesso ingerido. Tudo em tempo real. Após a demonstração, bastante longa, de todas as habilidades de seu novo telefone, ele atende uma ligação da namorada. E a tecnologia, que deveria servir para aproximar pessoas, permite que ele diga à moça que já estava de saída quando aconteceu um imprevisto, o pneu furado do carro o impediu de chegarem a tempo ao encontro. Desligou e me disse que preferia ficar explicando o funcionamento do novo celular do que ir namorar. E me fez pensar em como permanecemos crianças, encantadas com um brinquedo novo, a ponto de não querer largá-lo nem para dormir ou comer. Até que um novo brinquedo apareça.