Impossível não falar do Carnaval que se aproxima. É assunto batido, sei disso... mas como falar em Cultura popular sem prestar atenção ao momento que para muitos é o mais esperado do ano? Em ‘flashes’ na TV aparecem os corpos das passistas, artisticamente realçados por plumas e pinturas que remetem ao tribalesco costume das danças rituais para cortejo e acasalamento. Com meneios e requebros elas exibem as formas para conquistar não um guerreiro que as leve da taba, mas vários jurados que lhes deem um troféu. Assistindo as reportagens fico sabendo que muitas louras estão há tempos procurando as clínicas de bronzeamento artificial, como parte dos preparativos embelezadores a que se submetem. E vem à minha mente a lembrança de que o bronzeado, hoje, está culturalmente associado à vida folgada, de quem passa dias na praia, sem preocupação com o dia de amanhã. Trabalho, estudo, são considerados ‘coisa de pobre’, as pessoas de classe alta, com muito dinheiro, podem supostamente passar o dia tomando sol... mas nem sempre foi assim! Início do século passado, as damas da sociedade andavam com suas sombrinhas abertas, e jamais saíam de casa entre onze da manhã e quatro da tarde, sempre de mangas compridas e chapeuzinhos com véus a sombrearem o rosto. Pele bronzeada era sinônimo de trabalho braçal, horas a fio na roça, ou na lida do gado. As moças do campo usavam o máximo possível de roupas, numa tentativa de evitar o sol, camisas e calças masculinas, por baixo dos vestidos, largos chapéus de palha... a sempre atual vontade de se mostrar mais ‘chique’ do que realmente se é.
# Currículo: Nilza Braga, professora de Inglês do Ensino Médio, formada em Letras pela Fac. de Ribeirão Pires (SP). Adotou Fortaleza como sua há 20 anos e trabalha na rede estadual de ensino. Vegetariana, espírita, apaixonada pela profissão, mantém em precário funcionamento o http://nilzasonapaz.blogspot.com/ mas é figura fácil no Orkut, Twitter, MySpace, Facebook e mais alguns, com o codinome "Nilza só na Paz".