Por Marcos Robério (foto)
Na partida de ontem, 16, entre Fortaleza e Flamengo pela Copa do Brasil, mais uma vez ficou evidenciada a falta de nossas autoridades responsáveis em fazer um evento com um mínimo de organização. Segundo alguns repórteres que estavam no local, havia dezenas de pessoas que não deveriam estar no gramado, mas que, na base do “jeitinho”, conseguiram se misturar à imprensa para admirar de perto a partida (sem desempenhar nenhuma função de trabalho ou organização).
Tal “flexibilidade” no direito dessas pessoas à entrada em campo reflete algo muito sério, que há anos acontece de uma forma geral e em especial em eventos esportivos cearenses: a falta de respeito aos profissionais de imprensa. Ou seja, os repórteres de diferentes veículos, devidamente cadastrados e uniformizados com coletes, são obrigados a dividir espaço com inúmeras pessoas (inclusive uma quantidade excessiva de crianças) que em nada contribuem para a realização do espetáculo. Pelo contrário, isso apenas reforça a imagem negativa que o Estado passa. Ontem, a partida foi atrasada em mais de dez minutos, começando após todas as outras pela Copa do Brasil já terem sido iniciadas.
A área de atuação da imprensa não pode ser “terra de ninguém”. Não me valho aqui de interesses classicistas ou formas indiretas de atacar os setores do poder público responsáveis por tais eventos. O que é necessário, isto sim, é perceber que quando o espaço da imprensa não é devidamente respeitado, quem perde não são apenas os veículos de comunicação, mas todos os que, de alguma forma, estão interessados na melhor realização do evento, inclusive os próprios cidadãos, que pagam para assistir a um espetáculo que deveria ser de qualidade.
Nos últimos dias, chamou a atenção também outro fato relacionado ao assunto. A prefeitura demonstrou interesse em inaugurar o estádio Presidente Vargas parcialmente, sendo que um dos setores ainda não concluídos é a parte das cabines de imprensa, destinada aos profissionais responsáveis pela transmissão dos jogos. Ora, como todos sabem (ou ao menos deveriam saber) a imprensa é parte fundamental do espetáculo, então para que inaugurar o estádio se ele ainda não apresenta plenas condições de funcionamento? Diante disso, é de destacar a postura do presidente da Federação Cearense de Futebol, Mauro Carmélio, que afirmou que enquanto o estádio não estiver totalmente concluído e aprovado pelos relatórios avaliadores, não autorizará a realização de partidas no local.
Portanto, um estado e uma cidade que pretendem ser referências em eventos esportivos têm de aprender o mais rápido possível a tratar corretamente os profissionais que trabalham nisso. Senão, que imagem passaremos ao mundo em 2014, quando profissionais de todo o mundo estarão aqui para cobrir a Copa do Mundo? Então, cuidem já.
# Currículo: Marcos Robério: estudante de Jornalismo. Foi coordenador do Núcleo de Jornalismo da ONG TV JANELA; depois trabalhou na assessoria de imprensa da Prefeitura de Fortaleza (estagiário da Secretaria Executiva Regional VI). Atualmente, é repórter estagiário do Jornal O POVO, onde escreve no caderno Vida e Arte. Contatos: email - marcosroberio88@gmail.com e twitter - @marcos_roberio