ENTRE PRISÕES E FICHAS SUJAS
Kamila Fernandes
kamilafernandes@opovo.com.br
14/08/2010 17:00
"Há algo de novo no mundo da política. Este ano assistimos de camarote, pela TV, a primeira prisão de um governador por corrupção na história do Brasil - de José Roberto Arruda (ex-DEM), do Distrito Federal. Também vimos a primeira condenação de um parlamentar pelo Supremo Tribunal Federal desde a redemocratização - do cearense José Gerardo Arruda (PMDB), pelo desvio de destinação, sem autorização, de recursos federais quando era prefeito de Caucaia. Vimos ser aprovada uma lei que barra a candidatura de políticos com condenações em segunda instância e agora estamos vendo dezenas de nomes velhos conhecidos impedidos de concorrer, principalmente por contas reprovadas por tribunais de contas. De fato, tudo muito inovador e surpreendente para um país há séculos acostumado com a impunidade. Agora, cabe a cada um de nós cobrar para que as punições sejam mantidas nas instâncias superiores. Pois é, porque não há nada mais frustrante do que, depois de ver um figurão como Daniel Dantas ser levado para a carceragem da Polícia Federal, saber da decisão de um ministro do Supremo que o libera quase imediatamente, numa velocidade impensável para um reles mortal. No caso dos “ficha suja”, todos tentarão até o fim se manter na disputa, alegando todo tipo de desculpa em sua defesa, alguns até com razão, convenhamos, afinal “atecnias” em prestações de contas não são tão graves quanto condenações por improbidade administrativa e possivelmente não tornam um político inapto para tentar voltar ao cargo. Contudo, há sempre o risco de ver a “porteira aberta” para a liberação de todo mundo e mais um pouco. Afinal, se um pode, por que outro não? Pois cada novo julgamento deve ser assistido e anotado, e cada novo recurso, da mesma forma. Só mesmo a intensa participação da sociedade é capaz de manter conquistas tão caras como as que temos tido recentemente."
EM TEMPO: Ficamos felizes em não sermos os únicos jornalistas a abordarem assuntos com rigor no que diz respeito a Lei da Ficha Limpa. Por este Brasil, muitos profissionais seguem a mesma linha. Um exemplo disso é a brilhante jornalista Kamila Fernandes, editora adjunta do Núcleo de Conjuntura (Política) do Jornal O Povo, onde os jornalistas tem a liberdade de expressarem os seus pontos de vista. E assim vamos continuar ser também aqui nesse espaço que está incomodando a muita gente da política de Icó. Mas não vamos nos curvar sob hipótese alguma. Continuaremos alertando o povo e continuaremos escrevendo o que realmente os leitores gostam. Ser profissioanl de imprensa é assim mesmo, seja ele, jornalista, radialista, locutor, blogueiro, editor, web designer, chargista.
