quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Comoção e revolta na missa em homenagem a Alanis


A Igreja Matriz do Conjunto Ceará ficou pequena. Não coube tanta gente, tanta comoção pela morte da menina Alanis Maria, que teve a vida ceifada na noite da última quinta-feira, dia 7. Dentro da igreja, no pátio externo e até na calçada, a multidão se amontoava para acompanhar a missa de 7° dia. As pessoas rezavam pedindo conforto à família da criança, mas também protestavam por justiça. A dor e a revolta prevalecem. Muita gente vestiu-se de branco, hasteou bandeirinhas e cartazes com a foto da criança impressa e levou rosas brancas. ``É uma história que mexeu muito com a população. Eu tenho três filhos, um deles da idade da Alanis, e me senti mãe dessa criança também``, disse a dona de casa Valdenice Batista Barbosa, 35. A cabeleireira Teresinha Vasconcelos, 44, foi à igreja para pedir a Deus que leve conforto à família. ``Ela (Alanis) está bem melhor do que a gente. Espero que seja feita a justiça de Deus``, afirmou. Várias famílias levaram seus filhos para assistir à celebração. Os pais da menina Alanis, Patrícia Laurindo, 26, e Adairton Oliveira, 25, assistiram à missa da primeira fila. Com rosas brancas nas mãos, se mantiveram serenos durante a celebração. Vários fiéis voluntariamente tentavam garantir o isolamento da família e conter a multidão. A dona-de-casa Luzinete Lima, 40, foi à missa para rezar pela família de Alanis. Diz que não ficou ilesa depois do caso. ``Agora estou mais vigilante, muito mais temerosa, porque já tenho medo de tudo. Mas agora, meus filhos estão trancados``, destaca. Luzinete pediu ainda misericórdia pelo homem que cometeu o crime e agora está preso. ``Que as pessoas não venham a fazer justiça com as próprias mãos, que entreguem a Deus, porque Ele é a justiça``, argumenta.


Paz e perdão

``Hoje nós lamentamos o fato que se deu há sete dias, ato que não desejamos nem ao nosso pior inimigo. Vem de imediato aquele desejo de vingança e revolta. É natural, porque somos humanos, mas devemos lembrar que somos cristãos e devemos semear a paz e o perdão``, disse o celebrante da missa, padre Luiz Alberto, durante a homilia. Ele pediu a Deus e Nossa Senhora que livre a população dos males, do ódio, da sede de vingança. E enfatizou que as pessoas precisam ter fé na justiça de Deus. ``Que Ele nos proporcione a paz, o perdão, o amor. Assim seremos felizes porque estaremos em conformidade com nosso Senhor``, concluiu.