quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Acusado diz que foi vítima de abuso


Em depoimento prestado na noite de ontem, na Superintendência da Polícia Civil, Antônio Carlos dos Santos Xavier deu detalhes sobre o crime ao qual é acusado e revelou fatos vividos na infância. A Imprensa obteve acesso ao relato, que durou cerca de três horas. Assim como dissera no início da tarde, ele reafirmou ter cometido o crime. Segundo a Imprensa apurou, em nenhum momento o acusado demonstrou remorso ou arrependimento. Ele passou a maior parte do tempo com a cabeça baixa, sem encarar os delegados Luiz Carlos Dantas, superintendente da Polícia Civil, e Lira Ximenes, presidente do inquérito. Entre as revelações fornecidas pelo acusado está a de que ele teria assistido a parte da celebração sentado, na Igreja Matriz do Conjunto Ceará, antes de raptar Alanis. Além de pipoca, Antônio Carlos teria oferecido refrigerante e batata frita à garota, como forma de atrai-la para longe dos pais. Em depoimento, disse também que não conhecia a família da vítima. O percurso feito por ele corresponde ao relato de testemunhas publicadas com exclusividade pela Imprensa na edição de sábado. Desde o dia do assassinato, Antônio Carlos teria vagado pelos terminais até ser detido pelos guardas municipais na manhã de ontem. Além de descrever em detalhes como matou a menina, o acusado fez revelações sobre sua infância, como o fato de ter sido vítima de abuso sexual quando ainda era menino. Essa seria, segundo ele, a motivação para a realização de tantos crimes sexuais já adulto.

Mandado de prisão

Além da acusação de raptar e matar a menina Alanis, Antônio Carlos cumpria pena por atentado violento ao pudor na Colônia Agrícola do Amanari. Em junho de 2008, contudo, ele fugiu da prisão e permanecia foragido até ontem. Por esta razão, o juiz Luiz Bessa Neto, da Vara de Execuções Criminais, expediu um mandado de prisão contra o acusado na tarde de ontem. Antônio Carlos deverá seguir para o Instituto Presídio Professor Olavo Oliveira II (IPPOO II), em Itaitinga, na Região Metropolitana. O presidente da comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil - secção Ceará (OAB-CE), Fernando Férrer, acompanha o caso. Para ele, Antônio Carlos é prova de que o trabalho de ressocialização está sendo falho. "Temos de ter uma nova política carcerária, mas infelizmente nossos políticos não se preocupam com isso``, disse Férrer. O objetivo da comissão, informa, é garantir a legalidade do processo. O advogado elogiou o trabalho desenvolvido por Dantas e Lira Ximenes nesse sentido. O pai de Alanis Maria, Adairton Oliveira, chegou à superintendência da Polícia Civil à tarde, mas disse a uma emissora de TV que não quis ficar frente a frente com o acusado por temer qual seria sua reação.