sexta-feira, 25 de junho de 2010

Dos castelos que quiser



Texto escrito pelo modelo, escritor e jogador de futebol Luan Rocha (foto 2), amigo dos mais queridos desse blogueiro.

Construir é uma palavra que todos sonham, todos almejam. De alguma forma, construir nos inspira nos renova. Torna-se linda quando sustentada com os sentimentos de cumplicidade, fraternidade, amor, mas, quando o egoísmo preenche o coração com ganância a construção pode se transformar em ilusão, vira uma forma de somar para menos, como falou grande Manoel de Barros num dos seus textos. Quando escutei uma letra do grupo racionais MC que ironizou com a frase “Construção dos castelos de areia que quiser” refleti e criei uma linha de pensamento. O que seria essa construção? O que sustenta esse castelo de areia? O que leva uma pessoa a construção de um sentimento, um caráter, um castelo, uma vida, de areia? Construímos, somos responsáveis por nosso pensar, por nosso sonhar, pela idealização dos objetivos. Acreditamos, seguimos nossas ideologias, crenças, e intelectualidade para a construção de uma identidade intima e pública. Todos nós construímos de alguma forma, construímos e nos destruímos todos os dias, isso pode ser interpretado numa construção de um castelo de areia ou um contrario sólido, e pode ser a destruição num desapego que faz nos mal, ou a destruição de um bem, que sem saber um dia se torna presente na lembrança. Quando importante, de alguma forma, se torna vivo, quando não, é pra ser destruído... Muito emblemático, mas o externar me faz entender, aprender e amadurecer com essa construção literária que faz somar dentro de mim um sentimento de crescimento; como uma falésia que foi esculpida pela brisa do mar, pelo silêncio e o barulho do vento, pelo cair do sol, refletindo, perdendo o que se tem de perder, ganhando cores e formas para sempre acordar com um novo rosto, com uma nova construção, diminuindo pra somar é uma forma de multiplicar.

No amor encontro a construção da saudade, da lembrança no outro que em algum lugar, hora ou situação estive presente e pude somar com um sorriso, com alegria, com alguma palavra que puderam ser esquecida por mim, mas se mantém viva no coração, na lembrança do meu amigo, do meu colega, e até daquele estranho, mas a partilha proporciona deixar no outro vivo a construção que realmente vale à pena a construção do bem, do meu muro e do próximo, fortalecendo o outro com verdade, levantando, construindo uma história, com palavras de encorajamento, de ousadia, palavras que ajudam a levantar a auto-estima. E, da mesma forma que podemos crescer no outro a verdade, construindo como se tem que construir, temos que ter o atrevimento de falar e apontar o erro fazendo com que o castelo de areia não seja visto como gloria, mas como perigo, pois é ilusão sustentar o que um dia vai cair sobre nossos olhos, e pesar as costas. Com a maturação, entre ganhos e perdas, o importante é sempre estar se levantando, sempre abraçando o dia como uma nova oportunidade, agradecendo a Deus, agradecendo a fé que mora dentro de cada coração, levando a luz, para iluminar o escuro do próximo para juntos acreditarmos num mundo melhor, numa construção digna de permanecer de pé por toda eternidade. A música representa; Lulu Santos cantou, “Eu vejo a vida melhor no futuro, eu vejo isso por cima de um muro de hipocrisia que insiste em nos rodear” o lúdico, o canto para encantar, o expressar para fazer pensar, a crença para executar, Lulu fala de um muro, uma construção de hipocrisia, falou da esperança que é ver no horizonte por cima da mentira o ideal, que estamos rodeados, mas isso não me desencoraja por que além do muro há um horizonte que pode ser diferente, depende de como vamos encarar a nossa construção, que sentimentos vamos levar pra servir de matéria prima, sem esquecer que eu posso precisar da tua noção de arquitetura, posso precisar da força, da delicadeza para traços e curvas na esculpida pedra, e posso levar do meu cimento, posso servir o meu amor, a minha luz para o castelo que precisar...

Uma brincadeira, um simples pensamento que pode se transformar num texto num amontoado de palavras que pode ter sentido ou não. A importância é que eu entendi, e isso se torna especial pra o meu coração, no mistério da vida, acredito na simplicidade que me faz feliz e agradecido por tudo que sou em mim e nos outros, deixo-me a disposição de qual quer construção e se isso que chamo de reflexão servir de alguma coisa. Saiba que acrescentei um tijolo no teu muro e certamente no meu também. Cuidado! Terreno em obras...