segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

"Tiradas do Báu"

Fui companheiro LEO em toda a década de 1990 e início dos anos 2000.
 
Após a minha permanência no LEO Júnior JCM (João Castelo Martins) de Icó, passei a pertencer ao glorioso LEO Clube de Icó de outrora.
 
Neste último, assumi todas as funções possíveis. Fui secretário duas vezes (2º e 3º lugar, respectivamente), presidente 100% (AL 97/98), assessor distrital 100% duas vezes, chegando a assumir na gestão 2000/2001 a Presidência de todos os LEO Clubes do Ceará (Distrito LEO LA-4), além de ter sido vice-presidente de todos os LEO Clubes do Norte e Nordeste (Distrito Múltiplo LEO LA) AL 2001/2002.
 
Na gestão 96/97, o atual vereador Marconiêr Mota (PMDB) foi eleito presidente do LEO Clube de Icó. Naquela época, ele era conhecido como uma grande liderança LEOística no Estado e no Brasil. E eu era o seu secretário, onde permaneci até o último dia daquela difícilima gestão.
 
Para quem não sabe, o LEO Clube é uma entidade filantrópica, sem fins lucrativos, que serve a comunidade carente de seus municípios. Portanto, é uma instituição apartidária.
 
Infelizmente, o então companheiro LEO e atual vereador icoense Marconiêr Mota, no mês de setembro de sua gestão, com três meses de administração, resolveu realizar um encontro - estilo debate - com os dois então candidatos a prefeito de Icó: Neto Nunes (PMDB) e Aldo Monteiro, já falecido.
 
O encontro ocorreu entre os então candidatos e alguns membros do LEO Clube de Icó, à época. Marconiêr Mota presidiu a primeira dessas reuniões com o ex-prefeito Aldo Monteiro, com o objetivo de ouvir propostas para o município. O que os sócios não sabiam que iria acontecer, acabou ocorrendo. Estes encontros tinham conotação política, o que acarretou sérias providências por parte da Comissão de Ética do clube.
 
Entre dois dias após esta reunião com o ex-prefeito Aldo Monteiro, então candidato, e perto da outra reunião com o ex-prefeito Neto Nunes, num intervalo de dois dias, a Comissão de Ética - rígida, por sinal - decidiu afastar o hoje vereador Marconiêr Mota de suas funções como presidente eleito do LEO Clube de Icó.
 
Resultado: na reunião que realizamos com o então candidato Neto Nunes coube ao vice-presidente do clube, Romério Antônio, presidir a sessão, para a tristeza do vereador Marconiêr Mota, que pretendia transformar o encontro numa festa política, já que o mesmo apoiava naquela ocasião a família Nunes politicamente e eleitoralmente falando, e continua assim até os dias atuais.
 
Realmente, o "tiro saiu pela culatra". Marconiêr após este encontro com o então candidato e ex-prefeito Neto Nunes perdeu o cargo e foi expulso do LEO Clube de Icó, com somente três votos a seu favor, num universo de mais de 40 sócios naquela época - inclusive o meu, que tinha sido escolhido secretário dele. Deixou o clube nestas situações, mas viu o seu postulante a prefeito vencer aquele pleito eleitoral. Contudo, prevaleceu a coerência dos associados, que jamais poderiam comungar com política partidária dentro da entidade, que era uma das mais éticas e respeitadas do Ceará.
 
Agora, este mesmo drama acontece na seara política para o vereador Marconiêr Mota.
 
O ministro Henrique Neves, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), indeferiu o seu registro de candidatura a reeleição, numa votação monocrática, com divulgação oficial no último domingo (16). O motivo? Irregularidades cometidas durante a sua passagem pela Secretaria Municipal de Educação. E detalhe: o edil tinha solicitado suspensão de liminar, o que foi negado da mesma forma.
 
Enfim, em outras palavras: Marconiêr Mota foi demitido melancolicamente do LEO Clube de Icó. E foi terrivelmente expurgado da vida parlamentar, apesar de que o mesmo ainda tem remotas chances de reverter esta situação no pleno do TSE e no Supremo Tribunal Federal (STF), o mesmo órgão que é presidido pelo ministro Joaquim Barbosa, que já mandou um recado curto e grosso: não comunga com mal feitos de quem quer que seja. Está aí os mensaleiros num complicado drama, tentando ao menos reduzirem as suas penas.
 
# Em tempo: Pertencia ao LEO Clube de Icó, nesta época, assim como este blogueiro, o agora advogado Manuel Guedes, sabedor desse episódio todo, ocorrido naquele período, em setembro de 1996, bem na efervescência da eleição municipal, que posteriormente foi vencida pelo ex-prefeito Neto Nunes (primeiro mandato). Já em 2012, o advogado Manuel Guedes fez parte da banca de profissionais do Direito que requereu o indeferimento do registro de candidatura do atual vereador Marconiêr Mota, o protagonista do "Tiradas do Baú" dessa segunda-feira (17). 16 anos depois, o edil viria novamente a força, mesmo que indiretamente, de seu ex-companheiro LEO e advogado dos bons Manuel Guedes, carinhosamente chamado de Manelzinho. É a vida!