segunda-feira, 26 de março de 2012

"Tiradas do Baú"

Icó, cidade localizada no Centro Sul do Ceará, sempre teve uma eleição acirrada, principalmente para prefeito e para vereador, como a que ocorrerá neste ano.

A batucada, os carros de som e a animação, aos poucos vão tomando corpo em todo o município icoense. Os pré-candidatos já movimentam as ruas da terrinha em busca de apoio e afirmação rumo ao tão sonhado trono do Palácio da Alforria, sede da Prefeitura Municipal, como também, a cada uma das 15 cadeiras que estarão em jogo na Câmara de Vereadores.

A eleição em Icó é tão empolgante, que chega a ser cômica. Para este ano, avista-se três candidaturas prefeituráveis. E de milhares para o legislativo tupiniquim. Espera-se um pleito difícil e de muita concorrência por parte de seus protagonistas políticos. E, com certeza, por parte da população também.

Quem não se lembra daquela disputadíssima campanha de 1988? Oriel Nunes, Quilon Peixoto Farias, Júnior Abreu e Getúlio Oliveira (na véspera se uniu ao primeiro) eram os candidatos. O primeiro foi o vitorioso, numa eleição cheia de intrigas, ameaças e discursos eloquentes. O postulante Quilon Peixoto Farias e o seu grupo político de então jamais esperavam outro resultado, senão a vitória.

Mas o que prevaleceu foi o apoio incondicional da zona rural ao agricultor Oriel Nunes. Os "matutos" de outrora saíram das comunidades e encheram a cidade de gente com o único objetivo de elegê-lo prefeito municipal. As caminhadas e carreatas eram enormes. Chegou um período que ninguém mais acreditava numa derrota. E foi o que ocorreu. Oriel Nunes foi eleito para um mandato de quatro anos (1989-1992), sendo considerado até hoje como o melhor prefeito para a área da saúde que Icó já teve.

Vale frisar, que em 1988, durante a campanha política, alguns fatos inusitados ocorreram. Como adversários ferrenhos, Oriel e Quilon protagonizaram uma eleição cheia de rancor, ódio e intriga.

Na véspera do pleito, ninguém em Icó conseguia dormir. Os aliados dos dois grupos de então fecharam as ruas para não deixar ninguém "comprar voto". E isso rendeu a madrugada inteira, com perseguições automobilísticas por todo o município. E, pasme, senhores leitores! Chegou ao ponto do então candidato Oriel Nunes contratar uma "mulher macho" para vigiar e seguir a matriarca Lourdes Maciel durante a campanha. Dizem as más línguas que dona Lourdes, vista como uma espécie de conselheira do médico Quilon Peixoto Farias, ficou em apuros na Rua Senhor do Bonfim.

Nesta rua, a dita "mulher macho" deu uma "carreira", como se diz no jargão popular, em dona Lourdes Maciel, em um dos momentos em que a educadora visitava esta comunidade, fazendo com que a mesma se escondesse em uma das residências apoiadoras da candidatura do então postualnte Quilon Peixoto Farias. São causos de Icó que agora estão na história e na memória de alguns.

Foi nesta histórica eleição que após o resultado que oficializou o agricultor Oriel Nunes como prefeito eleito de Icó, que a residência oficial dos "Peixotos" foi tomada de surpresa. Uma grande "panela" foi quebrada bem na calçada da casa, onde hoje reside uma das irmãs do médico e candidato derrotado de outrora Quilon Peixoto Farias e situada na Avenida Ilídio Sampaio, ao lado da Casa de Cultura Mariinha Graça.

Ninguém imaginava que um agricultor, um matuto e o galeguim dos olhos azuis, como ficou conhecido, ganhasse de um médico por formação e de um ex-prefeito. Daí, a quebra da "panela", configurando o fim de uma "era", capitaneada pelas famílias Monteiro e Peixoto.

Após isso, Quilon Peixoto Farias volta ao poder municipal em 1993, mas isso é assunto para outra história aqui no "Tiradas do Baú". Como também, a "união" destes dois grupos políticos consolidada na eleição de 2008, com Marcos Nunes (filho de Oriel Nunes) e Charles Peixoto (filho de Quilon Peixoto Farias), prefeito e vice-prefeito, respectivamente. Antes, inimigos políticos. Hoje, aliados de primeira hora.