segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Uma tendência em evolução


Por: Voltaire Santos

Você já percebeu que a CBF convoca jogadores que atuam no Brasil para serem valorizados e depois vendidos? Será que os representantes da CBF possuem algum acordo financeiro com os empresários? Perceba como é a nova estratégia de marketing para alavancar o lucro e criar uma indústria futebolística no país.

Confira agora a escalação dos últimos jogadores que foram convocados e imediatamente receberam propostas e/ou foram vendidos:

Goleiro: Victor do Grêmio foi convocado para ser reserva de Júlio César na Copa das Confederações, nem entrou em campo. Mas, assim que retornou à Porto Alegre, o jogador recebeu proposta de 8 milhões de reais do Benfica (POR), a direção do Grêmio negou. Deve sair depois da Copa de 2010.

Lateral: O ala-esquerdo do Corinthians André Santos foi convocado para ser reserva de Kleber na Copa das Confederações. Kleber do Internacional já havia acertado sua renovação e apresentava atuações boas pela Seleção, mas de repente André Santos ganhou à titularidade e não saiu mais, sem uma justificativa plausível de Dunga. Resultado: Uma semana depois, André Santos foi vendido por 14 milhões de reais ao Fenerbace (TUR).

Zagueiro: O zagueiro Miranda do São Paulo era o segundo reserva da Seleção, mas mesmo assim foi convocado por Dunga para Copa das Confederações. No meio do torneio o titular Juan se lesionou, e seu substituto imediato Luizão, que já atua no exterior, foi esquecido, e Miranda entrou na posição. Resultado: 15 dias após a Copa das Confederações, o Lazio (ITA) ofereceu 27 milhões de reais, mas o São Paulo conseguiu segurar a jovem promessa. Deve sair na próxima janela.

Volante: O volante Sandro do Internacional foi o caso mais visível que há algum suposto acordo na CBF. Mesmo com o volante Pierre do Palmeiras se destacando a cada jogo, Dunga chamou o jovem Sandro. Pierre recém renovou seu contrato com o Palmeiras, mas Sandro ainda tinha chance de sair. Bastou Sandro ser convocado para proposta aparecer: O Tottenham (ING) ofereceu 49 milhões de reais, mas o Inter recusou por achar pouco o valor. Sandro deve sair na próxima janela.

Meia: O meia Ramires, ex – Cruzeiro já era um dos melhores jogadores em atuação no futebol brasileiro, mas precisou ser convocado para ser vendido. Vindo para ser reserva na Copa das Confederações tornou-se titular em jogos com visibilidade mundial, como contra a Itália. Logo, quando voltou ao Cruzeiro foi negociado por 15 milhões de reais com o Benfica (POR).

Atacante: As convocações de Nilmar já vinham sendo constantes, mas tirá-lo do Inter em plena final da Copa do Brasil só pode ter uma explicação economicamente vantajosa à CBF. Depois do atacante entrar em alguns jogos pela Copa das Confederações foi vendido ao Villareal (ESP) por 32 milhões de reais. O futebol brasileiro acabava de perder seu melhor jogador.

Atacante: A convocação de Diego Tardelli foi um absurdo. Além da CBF prejudicar o Atlético MG que era líder do Campeonato Brasileiro na época da convocação, excluiu da lista outros atacantes que vinham jogando melhor. Kleber do Cruzeiro, Adriano do Flamengo e Roger do vitória são exemplos. Tardelli foi convocado contra a Estônia e entrou na metade do 2º tempo, dias depois o Saint-Etienne (FRA) ofereceu 23 milhões de reais ao Atlético MG. Para a tristeza dos investidores, o Galo recusou a proposta.

Mesmo tendo diversos times falidos, o futebol brasileiro caminha de forma constante na busca de se tornar uma indústria financeira. As diretrizes ainda não são perceptíveis de forma democrática, mas há um consenso nacional de valorização dos jogadores feita pela Seleção Brasileira. O futebol como negócio, quando bem estudado estrategicamente é a salvação de todo um planejamento cultural. Já que o Estado não busca alternativas na evolução econômica dos clubes, as mentes competentes e preparadas surpreendem com parcerias que geram lucro aos clubes e as entidades futebolísticas.


* Texto escrito pelo jornalista Voltaire Santos, natural do Rio Grande do Sul, meu chará, meu amigo e especialista em Jornalismo Esportivo. Na foto, Voltaire estar ao lado do técnico da Seleção Brasileira, o tetra-campeão Dunga, que também é gaúcho.