quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Lins minimiza pesquisa e compara-se a fígado


Dois dias após a divulgação da pesquisa em que apareceu como sétima colocada num ranking de popularidade onde apenas nove prefeitos de capitais foram avaliados, a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), comentou os números do instituto DataFolha. Ela recebeu nota 5,1, teve 33% de aprovação e 36% de reprovação dos entrevistados. A consulta foi feita entre os dias 14 e 18 de dezembro. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
A petista minimizou o fato de ter perdido uma posição em relação ao levantamento realizado em março deste ano. E chegou a dizer-se satisfeita com o atual percentual de aceitação, antes cotado em 41%. “Trinta e três por cento de ótimo e bom é motivo de muita alegria. Até porque, comigo, as relações são de amor e ódio. Não tem meio-termo. É como fígado: ou você ama ou odeia. Não tem o gostar mais ou menos”, comparou.
Lins disse só ter tido acesso aos dados ontem, momentos antes de posicionar-se a respeito durante coletiva no seu gabinete. Depois de fazer o que qualificou de “análise fria”, concluiu estar numa situação de estabilidade. Isso porque, no final de 2007, também ficou em antepenúltimo lugar para, em 2008, chegar à quarta posição em meio às brigas eleitorais.

TRANQUILIDADE

Apesar da queda em uma colocação, a prefeita colocou-se como tranquila. “Até porque fomos comparados com São Paulo, Florianópolis e Curitiba. Tudo do Sudeste. Tudo do lado de lá”, indicou, batendo os números da própria gestão com os de outras duas do Nordeste: Recife e Salvador, que ficaram em quarto e nono lugares, respectivamente.
Ela ateve-se especialmente ao prefeito da capital pernambucana, João da Costa (PT), que somou apenas 30% de aprovação popular. “E ele está na nossa frente”, diagnosticou, tentando justificar sua baixa popularidade no modo como o instituto DataFolha calcula a nota dada pelos entrevistados. “Eles somam a rejeição com a aceitação, fazem uma fórmula e dão a popularidade”, tangenciou. Com isso, vangloriou-se por ser, no Nordeste, a prefeita com o maior índice de ótimo/bom – os tais 33%. O prefeito da capital baiana, João Henrique Carneiro (PMDB), teve somente 25% de aprovação contra 35% de rejeição. “Tem mil formas de ver [a pesquisa], mas tem gente que prefere puxar para o lado negativo. Então, o que eu posso fazer? Se eu estou com o mesmo índice de 2007, depois de não sei quantos anos de governo, por que vou reclamar? Não me abalou em absolutamente nada [perder uma posição]”, avaliou.

AUTO ANÁLISE

Luizianne classificou como natural o episódio em que ficou entre os quatro melhores do País, em 2008. De acordo com ela, tudo fruto da superexposição eleitoral. “Quando há campanha, é normal que as pessoas comecem a identificar muita coisa como fruto da intervenção do poder público. É natural que, nesse momento, haja um pico maior e, em seguida, isso caia”, ponderou.
A petista atribuiu a nova queda à falta de oferta de informação sobre o que a Prefeitura faz. E argumentou que, como a população só tem acesso aos projetos do Executivo através de meios de comunicação – “nem sempre dispostos a colaborar conosco” -, isso dificulta a publicização do que tem sido efetivamente realizado. Com o velho chavão “priorizamos o cuidar das pessoas carentes da nossa cidade”, ela criticou setores que reclamam a falta do “mostrar serviço”. Referiu-se especialmente às cobranças pelas chamadas obras de concreto, marco da gestão do seu antecessor, Juraci Magalhães, falecido em janeiro.
Segundo a petista, muito esforço do primeiro mandato foi concentrado não somente na exposição do aclamado concreto. As articulações teriam sido voltadas à contratação de servidores (médicos, enfermeiros e dentistas) para unidades de saúde distritais e à manutenção da tarifa de ônibus, que ficou congelada por quatro anos e sofreu reajuste no primeiro semestre deste ano. “Muitas pessoas não viam isso em função até de eu não estar inaugurando cada meio fio de pedra. Não sou de fazer isso. Tem coisa que já está funcionando e eu só vou inaugurar depois, porque nosso objetivo não é ficar fazendo “pavonice”. É fazer as coisas acontecerem”, citou.
Feito o desabafo, Luizianne revelou que vai começar a exibir seu “concreto” a partir do próximo ano. “Só agora é que, de fato, o cimento vai aparecendo”, assinalou, indicando o Hospital da Mulher, recentemente apontado como projeto superfaturado e com as construções já comprometidas, antes mesmo do primeiro módulo ser entregue.