terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Capital cearense possui 30 mil usuários de crack


Documentário da Cufa Ceará mostra um pouco da realidade dos usuários de crack e de seus familiares em Fortaleza

Cerca de 30 mil pessoas são usuárias de crack em Fortaleza. É o que afirma o coordenador geral da Central Única das Favelas (Cufa) Ceará, Preto Zezé. O cálculo inicial foi feito com base nos dados coletados durante a produção do documentário "Selva de Pedra - A Fortaleza Noiada", idealizado e dirigido por ele, a ser lançado hoje, às 17h, na Assembleia Legislativa.

A violência provocada pelo crack foi denunciada pelo Diário do Nordeste, nas edições dos dias 13 e 14 de novembro últimos. Nas reportagens, a Cufa alertou que, em um ano e meio, na Grande Fortaleza, 1.700 jovens foram assinados e os crimes seriam em decorrência de dívidas com traficantes.

O evento de hoje contará com a presença do ministro da Justiça Tarso Genro, e do ativista social e rapper carioca, MV Bill. Hoje, também será realizada audiência pública no auditório da Câmara Municipal de Fortaleza para debater o consumo de crack entre adolescentes e jovens na Capital cearense.

Preto Zezé adianta que, com a pesquisa, a Cufa ainda vai entregar ao ministro da Justiça, à prefeita Luizianne Lins, ao governador Cid Gomes e aos parlamentares propostas da entidade para iniciar uma grande movimentação no Ceará contra o uso da droga.

Além disso, como já havia sido divulgado anteriormente em matéria no Diário, o mercado da "pedra" é bastante próspero e chega a movimentar cerca de 750 mil reais/dia. "Estamos com um cálculo inicial de 30 mil usuários em Fortaleza e só para ter uma ideia do que isso significa no aspecto econômico, multiplique pela média de cinco pedras fumadas por usuário, teremos 150 mil pedras por dia, que vendidas a R$5,00, somam esse valor", afirma.

Para chegar a esses números, a Cufa utilizou os dados oficiais, divulgados pelas delegacias de polícia e clínicas de internação de dependentes químicos. "Cruzamos as informações das apreensões, dos dados do aumento de furtos e do atendimento em clinicas", explica.

A proposta do coordenador da entidade, ao produzir esse documentário, é discutir, problematizar e compreender a questão dos danos sociais acarretados pela droga, estimular a quebra de preconceitos e desfazer os estigmas produzidos sobre os usuários. "Queremos trazer elementos novos para o entendimento da expansão do consumo, do abuso e da dependência, além de produzir um material pedagógico que ajude na compreensão do tamanho da Selva de Pedra existente em nossa cidade e estado".