Os tristes acontecimentos recentes e cotidianos nos levam a duvidar, cada vez mais, da capacidade do ser humano em dar a si próprio a esperança de um futuro um pouco melhor.
E essa situação nas nossas vidas é uma realidade que existe há tempos, contudo ainda não enfrentado de frente: A crise da pós-modernidade.
Temos em nossas mãos o controle remoto, da televisão, o teclado do computador, enfim, as novas tecnologias que nos rodeiam em toda a parte e a todo o momento. Seja menos, seja mais. A conectividade chegou à Zona Rural e a parabólica tornou-se item obrigatório nas casas mais simples. Nada contra.
Entretanto, junto às novas tecnologias, perdemos o nosso próprio contato humano. Tornaremo-nos, se não repensarmos o nosso consumismo, máquinas e humanizaremos os aparelhos.
O reflexo disso na sociedade é a banalização de tudo que está em volta do ser humano. A família, os amigos, as relações são vistas de forma superficial e resumida. Os valores são vistos inversamente ao que foram concebidos. Ao invés de usarmos os objetos e amarmos as pessoas, tornamos as pessoas "coisas" descartáveis.
O amor deixou de ser utilizado como sentimento de fato para ser motivo de possessão, causa de morte e justificativa de lugar comum. A morte deixou de ser momento de reflexão para a indiferença, sem importância alguma. Os exemplos apresentados são de uma tendência, não de generalismos.
O ser humano perde sua essência ao não se ver no outro, seu semelhante. E digo semelhante não meramente na estética e físico. O humano não vê no outro que há mais semelhanças que diferenças entre eles. Acima de religião, sexo, cor e orientação sexual, há um coração que pulsa em todos, além de alegrias, tristezas, sonhos, aprendizados, histórias a contar...
Não se pode achar normal a morte de um ser humano por um motivo, por qualquer que seja. Não se pode criar na nossa mente um "costume de horrores" que vemos diariamente na mídia:
* Idosos maltratados ao ponto de serem mortos; * Pais e filhos matando-se mutuamente por dinheiro; * Assassinatos de homossexuais, nordestinos, mulheres e negros (considerados "minorias") por banalidades.
Porquê se faz isso?
Não há e nem haverá motivo plausível para a resposta. Uma pessoa não se resume a papeis que a sociedade lhe dá, estigmatizando-o, e tampouco ao que se chama de "dinheiro". O ser humano é um mundo em contato com outros, com traz consigo sua história. Infelizmente, o que vale nas mídias é a barbaridade de facadas ou tiros acima dos corpos jogados.
Não classificaria quem faz um ato de perversidade contra o seu semelhante de animal, pois o ser dito irracional mata por instinto, não planeja a morte de seu igual de maneira fria.
Em tempos de "anestesia" por tantos fatos e ações lastimáveis, umas atrás das outras, nos leva à reflexão para sairmos de nós mesmos, aprisionados em máquinas, para re-descobrir a verdadeira humanidade.
Nesta Semana Santa, de Páscoa ou Pessach, em hebraico, lembremo-nos (enquanto é tempo) que só pode ser pleno de felicidade, de paz, quando vermos no outro uma extensão de nós mesmos. Quando ajudarmos a tirar do relento, físico/ou psicológico, nossos irmãos. Na verdade, nós mesmos.
* Texto escrito pelo jornalista icoense Yuri Guedes de Lavor e publicado no Site Icó é Notícia