Expresso primeiramente meus pêsames pelos estudantes mortos na chacina desta quinta-feira, 07, no Rio de Janeiro. Que os familiares, parentes e amigos encontrem forças para superar a dor e seguir com a vida, ainda que para sempre abalados.
A população de todo o País foi surpreendida pela informação seca de que um homem havia entrado em uma escola e matado vários estudantes. De imediato pensei se tratar de mais um caso nos Estados Unidos, onde episódios como este, infelizmente, não são tão raros. Porém, pela primeira vez, o fato aconteceu mais próximo, onde ninguém imaginava, nem mesmo a imprensa, como ficou evidente.
Ainda que se trate de um caso inédito, é de impressionar a algazarra informativa em que se transformaram os principais veículos de comunicação do País. Na pressa em dar as notícias em primeira mão, numa corrida desenfreada pelas novidades sobre a tragédia, eram divulgadas a cada minuto informações desencontradas, hipóteses eram tidas como fatos, a serem refutados ou não ao longo da transmissão.
Da primeira vez que me deparei com a notícia, falava-se que um homem havia entrado na escola e matado alguns estudantes. Aí começou a procura pelos detalhes e o pandemônio de informações se formou. Um grande portal de notícias local falava que o assassino, após atirar nos alunos, havia cometido suicídio. Enquanto isso, uma rede de TV nacional falava que ele tinha morrido em uma troca de tiros com a polícia. Mais alguns minutos e apareceu outra versão que juntava as duas primeiras: o assassino, identificado como Wellington Menezes de Oliveira, teria sido baleado em uma troca de tiros e depois cometido suicídio. Confesso que até o momento ainda não sei exatamente o que aconteceu.
Outro desencontro houve em relação ao número de mortos. Assisti primeiramente que eram oito. Logo ouvi que o número havia subido para 10 e, pouco depois, para 13. E aí apareceu uma "informação oficial" de que "na verdade" foram 11 mortos. Ora, se a última informação foi a oficial, subentende-se que as anteriores eram boatos ou informações não confirmadas, que a imprensa, por sua vez, preferiu reproduzir instantaneamente, sem a devida checagem.
E qual a idade do assassino? Uma grande rede nacional de TV falava em 24. O portal de outra afirmava ser 23. Já sobre o número de feridos, a confusão foi tamanha que prefiro não relatar para não deixar ainda mais confuso o caro leitor.
Sei que nesses momentos é extremamente difícil o trabalho de apuração. Todos estão ávidos por informações e sempre a esperar por mais detalhes. Porém, quando a mídia parte para o "achismo", deixa de prestar um serviço de qualidade ao cidadão, dando a este a sensação tal qual a de cego em tiroteio. E de tiroteio, já basta o ocorrido.
# Currículo: Marcos Robério: estudante de Jornalismo. Foi coordenador do Núcleo de Jornalismo da ONG TV JANELA; depois trabalhou na assessoria de imprensa da Prefeitura de Fortaleza (estagiário da Secretaria Executiva Regional VI). Atualmente, é repórter estagiário do Jornal O POVO, onde escreve no caderno Vida e Arte. Contatos: email - marcosroberio88@gmail.com e twitter - @marcos_roberio