segunda-feira, 30 de julho de 2012

"Blog Perfil"


Nessa segunda-feira (30), o quadro semanal "Blog Perfil" traz até você, caro leitor, uma entrevista exclusiva concedida pelo jornalista Diego Benevides (foto) para a revista Nordeste VinteUm, mantida pelo Instituto Nordeste VinteUm e pela Editora Assaré. O profissional é formado em Jornalismo pela Universidade de Fortaleza (Unifor). É crítico de cinema, colunista e editor chefe do portal Cinema com Rapadura. A entrevista abaixo é um bate-pronto inteligente, com perguntas e respostas bem embasadas. Por isso, resolvemos republicar aqui para a apreciação de todos os nossos leitores, especialmente, aqueles que gostam e curtem cinema e todas as suas nuances. Para ele, "é visível o crescimento da produção no Nordeste, bem como no Brasil. Mesmo ainda passando por dificuldades no que diz respeito ao apoio financeiro e, às vezes, à falta de boas ideias, o Brasil tem lançado projetos que nos orgulham. Obviamente, ainda há muito a fazer nos próximos anos, principalmente no exercício das possibilidades de linguagem, então acredito que muita coisa boa vem por aí". Acompanhe! 

Nordeste VinteUm - O webjornalismo traz mais vantagens para a crítica de cinema?

Diego Benevides - Estagiei em impresso no Laboratório de Jornalismo durante o curso de Comunicação, na Universidade de Fortaleza. Quando me formei, fui direto trabalhar com assessoria, além de cinema e consultoria. Minha experiência também em impresso veio junto ao CCR, que até hoje possui uma coluna semanal no Jornal Diário do Nordeste, com uma compilação das principais notícias que publicamos online. Sobre crítica de cinema, o que podemos perceber nos impressos é que os espaços para as reflexões estão cada vez mais reduzidos e nem todos os jornalistas especializados em cultura correspondem às necessidades de uma avaliação mais crítica sobre as obras audiovisuais. De toda forma, é preciso continuar a prática, mesmo discreta, pois é uma produção intelectual indispensável nos veículos de comunicação. Na Internet, o espaço é bem maior, mas também vemos o exercício da crítica sem muito critério ou mesmo baseado em uma simples apreciação cinematográfica.

Nordeste VinteUm - Qual sua avaliação sobre o cinema que é feito hoje no Nordeste e no País?

Diego Benevides - As escolas e cursos de cinema no Nordeste impulsionaram a produção cinematográfica nos últimos anos, aliando-se aos realizadores que já rodavam seus projetos independentes ou apoiados em editais. É visível o crescimento da produção no Nordeste, bem como no Brasil. Mesmo ainda passando por dificuldades no que diz respeito ao apoio financeiro e, às vezes, à falta de boas ideias, o Brasil tem lançado projetos que nos orgulham, Obviamente, ainda há muito a fazer nos próximos anos, principalmente das possibilidades de linguagem, então acredito que muita coisa boa vem por aí. Precisamos apenas de mais incentivos de distribuição e salas de exibição para formar mais público e incentivar a realização.

Nordeste VinteUm - Há quem considere que cineasta só é aquele que faz filmes em película, mas essa era digital mostra um número crescente de novos cineastas. Como você avalia essa nova cara do cinema?

Diego Benevides - Felizmente, as novas tecnologias vieram como nova opção à indústria cinematográfica e acredito que o importante é exercitar as boas ideias e levar aos expectadores, independente da forma em que é rodado. É motivador perceber que tanta gente tem se interessado em estudar e produzir cinema nos últimos anos e hoje as possibilidades são tantas que quase sempre somos surpreendidos com iniciativas inovadoras e boa utilização dos formatos.

Nordeste VinteUm - Você participou recentemente da 22ª edição do Cine Ceará, o que poderia destacar sobre o que foi apresentado no evento?

Diego Benevides - Desde o lançamento do Cinema com Rapadura, nós participamos da cobertura do Cine Ceará, onde aprendemos muito sobre cinema e, principalmente, nos relacionamos com idealizadores, que são ótimas fontes de conhecimento. O principal ponto que nos motiva é por ser um festival que abre portas para a exibição de longas que dificilmente entram no circuito cearense. Em relação aos curtas, é outra oportunidade imperdível para o público local conhecer o que tem sido feito pelos realizadores brasileiros, afinal é apenas em festivais e mostras que eles podem exibir e/ou competir com suas obras, já que não temos salas comerciais para a exibição de curtas.

Nordeste VinteUm - Críticos diversos avaliaram os premiados das principais categorias do último Oscar como uma tentativa de inovação do Cinema de Hollywood a fim de se revitalizar frente a queda de seu prestígio. Concorda?

Diego Benevides - Considero essa edição do Oscar uma das mais corretas dos últimos anos. Talvez por essa suposta necessidade de reafirmação da Academia ou por ter reconhecido, de maneira geral, os principais vencedores. Ainda encontramos falhas no anúncio dos concorrentes e alguns escorregões na entrega dos prêmios, o que é normal e também é uma questão de gosto pessoal, mas é natural que a Academia queira se revitalizar para um público novo (e mais moderno), mesmo que seus votantes ainda sofram de um tradicionalismo questionável.

Nordeste VinteUm - A disponibilização indiscriminada de conteúdo na Internet é um problema que ocorre tanto na indústria cinematográfica quanto na fonográfica. Como você avalia isso?

Diego Benevides - Certamente é um problema para a indústria, mas por outro lado podemos olhar como um incentivo para a ampliação da distribuição dos filmes e de programas de TV que atendam à demanda dessa parcela do público que procura a Internet antes de ir ao cinema ou esperar uma série estrear na TV.

Nordeste VinteUm - O portal Cinema com Rapadura é um sucesso. Quais as principais dificuldades para manter o veículo?

Diego Benevides - O portal está no ar há oito anos, dos quais seis atuo como editor chefe. Quando surgiu, veio da necessidade de alguns amigos cearenses em falar sobre cinema de uma forma descontraída, mas não demorou para virar coisa séria. Quando fui convidado para integrar a equipe, passei a aplicar o que eu estudava na faculdade de Jornalismo no portal. Dei a cara de um veículo de comunicação, que era o que faltava para realmente sermos profissionais. O portal ganhou uma linha editorial que é desenvolvida desde então, por exemplo. Atualmente, contamos com uma equipe de mais de 20 pessoas do Brasil inteiro, entre jornalistas, publicitários, cineastas e cinéfilos de outras áreas que produzem conteúdo diferenciado e de qualidade. O empenho de todos tornou o CCR uma das principais fontes de cinema do País. Como editor, é um grande trabalho estar à frente de uma equipe mista e "distante", mas todos os integrantes são apaixonados pelo que fazem e acreditam no potencial do CCR.

# Acesse também: www.cinemacomrapadura.com.br