A maior parte das 17 empresas patrocinadoras do filme Lula, o Filho do Brasil, que deve entrar no circuito comercial em 1º de janeiro, mantém negócios com os ministérios e bancos do governo federal. Apenas em 2009, sete dessas empresas receberam cerca de R$ 407 milhões em pagamentos diretos da União por conta de obras, aquisição de equipamentos e outros serviços. Outras cinco obtiveram financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) desde o início do mandato do presidente Lula, em 2003, e outra tem como sócio um banco estatal e o fundo de pensão a ele ligado, ambos controlados pela União. O Banco do Brasil e a Previ (fundo dos funcionários do BB), cujos presidentes são nomeados pelo governo federal, detêm cerca de 61% das ações da Neoenergia, terceiro maior grupo do setor energético brasileiro, que confirmou à Folha de S. Paulo ter doado R$ 500 mil para a produção. O custo total é um dos mais altos do cinema nacional. Os produtores, a família de Luiz Carlos Barreto, afirmam que foi de R$ 12 milhões. As empresas investiram de uma maneira pouco usual no mercado - injetaram dinheiro próprio e fora das leis de incentivo à cultura que preveem o abatimento das doações no Imposto de Renda. Os produtores do filme dizem que não procuraram as leis justamente para não serem acusados de beneficiamento indevido. Se preservou o dinheiro dos contribuintes, o caminho adotado pelos produtores tornou a operação cercada de mistério. Nos projetos financiados com as leis de incentivo (cerca de R$ 88 milhões em projetos de cinema em 2008), a Agência Nacional do Cinema (Ancine) tem acesso aos valores e empresas financiadoras, que depois são divulgados na Internet. Não é o caso do filme "Lula". "É como um negócio qualquer entre duas empresas, não temos acesso a essas informações", informou a agência.