segunda-feira, 22 de março de 2010

VIDA E MORTE

Na missa de trigésimo dia do desaparecimento de GILBERTO SANTANA ARAÚJO, morto em confronto com a polícia icoense no motel sedução, em Icó, o seu pai, Senhor José Santana Monte, homem de bem, sindicalista, agricultor e poeta, bem definiu a história de seu filho e de tantos outros nordestinos, que em busca de melhores dias, no sul e sudeste maravilha, acabam por desviar de seus princípios iniciais, bem como do que aprendeu no semi-árido nordestino.

Leiam e tirem suas próprias conclusões:

Quando eu era criança imaginei um mundo real, onde tudo está ao alcance de todos. Parecia tão normal, tão simples, mas ninguém me respondeu porque não era assim.

Então, silenciei dentro de mim.

Quando cresci, sonhei que trabalhando dia após dia, obteria o que era essencial e o que a sociedade oferecia. Fui além do meu limite, trabalhei até noites. Adoeci.

Até que um dia, movido não sei por qual sentimento, ousei quebrar as regras estabelecidas. Saqueei o que para mim era supérfluo de um capitalismo sem vida.

Trilhei o caminho dos marginalizados, e por ser considerado um perigo pra sociedade, fui exterminado.

“Reze por mim e por milhares de jovens sem perspectivas de vida com dignidade e lembre-se, só a verdade liberta”.

* Texto extraído do blog do advogado icoense Fabrício Moreira da Costa