quarta-feira, 24 de março de 2010

Relatório da ONU que inclui Fortaleza é discutido nas Casas Legislativas

O relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU), na última sexta-feira, colocando Fortaleza entre as capitais com as maiores desigualdades de renda do mundo, foi tema de pronunciamentos, ontem, tanto na Câmara Municipal quanto na Assembleia Legislativa. O tema fez parte dos ataques da oposição aos administradores públicos. Segundo o deputado Heitor Férrer (PDT), o dado é reflexo das prefeituras que roubam o dinheiro público para enriquecimento ilícito. Já o vereador Plácido Filho (PDT) não poupou críticas à administração da prefeita Luizianne Lins (PT).
Para Plácido Filho, Lins utilizou-se de um discurso demagógico e repleto de promessas não cumpridas e avaliações desconectadas com a realidade, atribuindo as estes problemas o fato da cidade estar entre as cinco capitais com elevados índices de desigualdade social.
O vereador avaliou que a estratégia adotada pela Prefeitura baseia-se apenas em promessas, pois as desculpas acerca dos projetos não passam de “balela”. O pedetista criticou as evasivas da Prefeitura no tocante a projetos não concluídos, citando as reestruturações do Frotinha da Parangaba e a construção do Hospital da Mulher.

Não deve ser emocional
O líder da prefeita na Casa, vereador Acrísio Sena (PT), rebateu as críticas. Segundo ele, a desigualdade não pode ser debatida emocionalmente, e sim levando em consideração os dados, a história e a realidade das grandes cidades. Conforme Acrísio, a população de Fortaleza, nos últimos 30 anos, dobrou, mas as políticas públicas adotadas pelos Governos não conseguiram acompanhar este crescimento.

Por conta disso, ele afirmou que, em 2005, a administração municipal fez um diagnóstico semelhante ao divulgado pela ONU, em diferentes aspectos, afirmando que os indicadores fundamentais para analisar a desigualdade são concentrados na geração de emprego, saneamento e educação. Para o petista, as marcas estão evoluindo. Ele citou o índice de analfabetismo, que passou de 18% em 1991 para os 10% atuais.

Repercussão na Assembleia
Na Assembleia Legislativa, a oposição também se posicionou com relação aos dados divulgados no último dia 19 pela ONU. O deputado Heitor Férrer (PDT) atribuiu os índices aos administradores públicos. Segundo ele, 95% das prefeituras roubam o dinheiro do povo. No documento da ONU, cinco cidades brasileiras estão entre as 20 mais desiguais do mundo. A capital cearense é a 13ª cidade que apresenta a maior diferença de renda entre ricos e pobres do planeta. Conforme o deputado pedetista, “foram esses políticos que transformaram o Brasil, que é a nona economia do mundo e o quinto maior País em população, no pior índice de desigualdade social da América Latina”. Em sua avaliação, é justamente a desigualdade social que gera a criminalidade. “A prática do crime é uma expressão de protesto por parte dos mais pobres”. Diante dos dados negativos, Artur Bruno (PT) declarou que não se muda a concentração de renda em quatro ou oito anos. “O PT chegou ao governo em pouco tempo, é pouco tempo para mudar essa realidade”, findou.