segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Artigo - Tema de Hoje (Esporte)

Ídolos prontos para resolverem?

Por Carlos Emanuel (foto)

Nos últimos anos, o futebol brasileiro vem vivendo um grande dilema. Será que o ídolo trás para o clube onde joga grandes resultados? Para responder essa pergunta olhamos um pouco o futebol no velho continente. Na Europa estão os maiores craques do futebol mundial. Jogadores como Messi, Cristiano Ronaldo, Daniel Alves, que tornaram-se famosos pelo seu grande talento e o papel fundamental que representam ao seu clube.

Com eles em campo, os clubes ganharam várias partidas e eles foram decisivos. Barcelona e Real Madrid sem dúvida são hoje os dois melhores clubes do mundo no momento. Porém, não podemos esquecer que o mesmo Real Madrid de Kaká, Cristiano Ronaldo e Oziel, já tiveram um time de galácticos que não deu muito certo.

Em dezembro de 2004 contava com craques da estirpe de Ronaldo Fenômeno, David Beckham, Zidane, Roberto Carlos, Figo, Raul, Cassilas e a jovem promessa campeã brasileira no Santos Robinho. O time treinado por Vanderlei Luxemburgo na teoria era imbatível, mas em campo não correspondeu, ficou com o vice-campeonato espanhol perdendo para o Barcelona, foi eliminado nas oitavas de finais da Liga dos Campeões. Com Luxa foram 44 jogos, 27 vitórias, 11 derrotas e seis empates. Muito ego inflamado, o treinador dançou.

Caso semelhante aconteceu no Brasil no time da Gávea em 1995. O Flamengo tinha os grandes craques do futebol brasileiro: Edmundo, Romário, Sávio e Júnior Baiano seria um sucesso não fosse a dificuldade de relacionamento e vaidades.

Aqui no futebol cearense teve vários casos em que grandes nomes não resolveram. O próprio time do Fortaleza quando disputou a Série A em 2006 tinha vários nomes de peso como Finazzi, Lúcio, Galeano, Mazinho Loiola e um treinador de peso Jair Pereira, porém no final o time foi rebaixado para a Série B.

Antes de citar outros clubes cearenses que deram errado quando apostaram na fórmula de reunir estrelas, cito aqui um time de General Severiano, o da estrela solitária no peito. Alvinegro que tinha grandes jogadores como Djalma Santos, entre outros que não conseguia ganhar o Campeonato Carioca, mesmo com o timaço que tinha. Foi preciso assumir João Saldanha o comando técnico do time, um desconhecido que, como interino do Botafogo, foi se firmando no cargo e teve a sorte de ver surgir sobre seu comando o maior ponta direita que o mundo produziu, morador de Pau Grande, o Mané Garrincha.

Garrincha não era artilheiro, mas sim garçom com seus dribles humilhantes fazia cair adversários ao chão, dos seus pés criou artilheiros. O Botafogo, campeão em 1957 do Campeonato Carioca, e o ídolo Garrincha em campo fazia seu time ganhar. Tempo de pouco dinheiro e grande amor ao esporte.

Não podemos esquecer de Péle, Zico, Sócrates, Maradona, Rivelino, Beckenbauer, Platini que comandaram grandes momentos do esporte e fizeram da sua vida a maestria para o futebol. Porém, hoje o esporte vem mudando, o individualismo vem abrindo espaço ao coletivo, até porque o futebol ficou algo de muita força física, pois a medicina fez o esporte transformar homens em quase máquinas. Não conseguimos imaginar, por exemplo, cigarro e bebida com jogador de futebol.

Alguns até tentaram misturar isso, porém com fracasso. Lembro Eliezer, grande promessa que jogou na década de 1990 pelo Fortaleza, e chegou a interessar ao técnico Telê Santana, do São Paulo, mas o álcool acabou o brilho desse craque da camisa 10.

Nessa lista entram Clodoaldo, Ciel, Adriano (Corinthians), Ronaldo Fenômeno (no fim de carreira) onde tentaram dividir futebol e vida boêmia e não renderam como sabemos o que poderiam se não bebessem e se dedicassem com responsabilidade a vida de atleta.

O Ceará na Série A desse ano, trouxe um time no papel que mataria de inveja qualquer time de médio porte do Brasil. Jogadores como penta campeão mundial pela Seleção Brasileira em 2002 Edmílson, Róger, ex-São Paulo, Enrico, no Coritiba, jogava demais, Thiago Humberto, grande jogador no Inter-RS, Washington, ex- Palmeiras, e Egidio, ex-Flamengo. Por aí se tira um grande time, mas o time foi caindo pelas tabelas e está por um fio para não cair para Série B.

Nem sempre o craque combina em qualquer lugar, existem aqueles que só jogam com a camisa de um clube. Finalmente chegamos a ele, Júnior Xuxa, meio campista, pernambucano, ele ajudou o Icasa a subir da Série C para Série B em 2009 e fez um baita Campeonato Brasileiro da Série B 2010.

Foi para o São Bernardo no início de 2010, disputar o Paulistão e não jogou tão bem como no Verdão do Cariri. Emprestado ao São Caetano figurou no banco de reservas no início do Brasileiro da Série B 2011. Voltou ao Icasa que não vinha bem e começou a ganhar várias partidas. Contudo, o time empatou muito e perdeu algumas partidas em casa e entrou na zona de rebaixamento.

O Icasa demitiu Márcio Bitencourt e contratou Arnaldo Lira, treinador polêmico que afastou Xuxa, o goleiro Marcelo Pitou e arrumou várias confusões com declarações desastrosas na imprensa, porém dentro de campo começou a mostrar resultados.

Ganhou o apoio da torcida. Na última rodada, porém, o time voltou a zona de rebaixamento. Lira nunca se deu bem com ídolos é bem verdade, quando treinador do Ferroviário em 2010 não deu chances a Mário Jardel que estreou com um golaço em cima do Quixadá.

Lira tem qualidades, isso não se pode negar, gosta de time operário, todos pelo coletivo, mas perdeu o emprego no Icasa e Júnior Xuxa voltou ao time . Quem tem razão? O futebol virou mecânico, vive de resultados, mas todos nós gostamos de ver belas jogadas de jogadores como Osvaldo, Neymar, Ronaldinho Gaúcho, sem elas não vale a pena ir ao estádio.

Pessoalmente sempre fui fã do ídolo dentro de campo, mesmo não estando no melhor da forma física. Geraldo, ano passado, mesmo criticado pela imprensa e vaiado por torcedores, salvou o Ceará em várias partidas.

No domingo retrasado, Adriano saiu do banco de reservas para dar a vitória ao Corinthians contra o Atlético-MG. O meio termo talvez seja o caminho com jogadores que apagam fogo e outros que vivem para incendiar partidas e emocionar com jogadas e gol geniais.

# Currículo: Carlos Emanuel Bezerra Alves, estudante de Jornalismo da Fanor, blogueiro, twitteiro, acompanha tudo que acontece no futebol pelo Brasil. A visão de torcedor se confunde com a de cronista, na busca pelo olhar apaixonado do torcedor. As vésperas de uma Copa do Mundo, os seus olhares se voltam para o futebol brasileiro, por isso irá sempre acompanhar os bastidores, as polêmicas, os momentos marcantes dentro e fora de campo. O seu artigo será sempre publicado a partir de hoje (21) nas segundas-feiras.