quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Quem é mais importante para o teatro cearense?

Desde a implantação do chamado "governo das mudanças" proposto pelo ex-governador do Ceará e ex-senador Tasso Ribeiro Jereissati (PSDB), no fim da década de 1980, que apenas dois ex-secretários de Cultura se destacaram nesta pasta, incluindo aí a atual gestão do governador Cid Ferreira Gomes (PSB).
 
O jornalista Paulo Linhares e a professora Cláudia Leitão até hoje são lembrados pelas gestões prósperas e competentes a frente da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (Secult), num passado bem recente.
 
O primeiro administrou a gestão cultural estadual no governo de Ciro Ferreira Gomes (PSB), sendo responsável por grandes obras, como o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura [é o seu atual diretor], em Fortaleza. Já a segunda foi secretária de Cultura no governo de Lúcio Alcântara (PR), interiorizando as ações culturais para o Interior do Ceará.
 
Infelizmente, no atual mandato estadual, a cultura tem tido prioridade quase medíocre. Na primeira gestão cidista, o jornalista Auto Filho foi indicado pelo Partido dos Trabalhadores (PT), fazendo uma administração abaixo da crítica. Dessa vez, o governador preferiu nomear um "político" para a função, entregando a pasta para o seu ex vice-governador Professor Pinheiro, que vem deixando muito a desejar. 
 
E, é justamente o atual secretário de Cultura Professor Pinheiro, que também é um quadro do PT, que recentemente demitiu o ator Silvero Pereira (foto) de suas funções como professor do curso "Príncipios Básicos de Teatro", que é oferecido pelo Theatro José de Alencar (TJA), em Fortaleza.
 
Ora, bolas! Será que um ator do nível e do porte de Silvero Pereira não é mais importante para a cultura do que o Professor Pinheiro, que é eminentemente uma nomeação política? Para quem não sabe, o atual titular da Secult é deputado estadual licenciado.
 
Até hoje não engoli e nem a classe artística cearense também, a demissão equivocada do ator Silvero Pereira. Diga-se de passagem, por email, ok? Isso, a nosso ver, configura uma perseguição descabida a um profissional que não vinha, nos últimos dias, comungando com a péssima gestão comandada pelo atual secretário de Cultura do Ceará.
 
Um profissional do porte de Silvero Pereira, que por sinal é premiadíssimo, não merecia ser humilhado dessa forma, por tudo o que ele representa para a cultura cearense. E detalhe: ele é prata do Interior, de nosso sertão, natural de Mombaça, onde até hoje os seus pais moram. 
 
Digo isso, sem medo de titubear e por conhecer o ator Silvero Pereira de perto. Os artistas cearenses estão tristes com tão desatino acontecimento. Seus fãs, principalmente, aqueles que prestigiaram a peça "Uma Flor de Dama" [no Centro Cultural Banco do Nordeste em Fortaleza], como eu, exige uma explicação mais detalhada ou a volta desse grande nome do teatro tupiniquim para o seu lugar de origem.

# Em tempo: No Icó, nos últimos oito anos, a cultura foi relegada a segundo plano. Jequélia Alcântara, uma leiga no assunto. Genildo Angelim bem que tentou mudanças de paradigmas, mas foi interrompido com a volta do ex-prefeito Cardoso Mota (PSB) ao poder. Já Solange Augusto, prefiro nem comentar. É apenas uma interina em fim de mandato. Já a partir de janeiro de 2013, a área deve ser tratada com respeito e competência. Precisamos resgatar urgentemente a Secretaria de Cultura e Turismo, tirando-a do ostracismo em que se encontra atualmente, dando apoio aos grupos culturais, realizando atividades que engrandeçam a cultura local, com novos projetos e buscando parcerias. É inadmíssivel termos o status de "capital cultural" e não valorizarmos um setor tão importante como a cultura. É chegado o momento de novas atitudes, ideias e propostas. Do jeito que está é que não pode ficar jamais. O importante é que os dois gestores escolhidos para a pasta (secretário e adjunto) são nomes respeitados, com a credibilidade lá em cima e que com certeza revolucionarão a cultura icoense: um é sabedor de nossa rica história, já o outro é artista por formação e um talento nato, aliando história e arte. Bons ventos para a cultura de Icó. Confio nesta dupla!