sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Artigo - Tema de Hoje (Juventude)

A novela chamada ENEM

Por Paulo Gadelha (foto)


Bom, é preciso resumir esta "novela" logo. Todos sabem como começou. O Colégio Christus teve acesso à questões idênticas à aplicadas no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e depois disso houve muita polêmica com relação as atitudes e às decisões dadas pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Ministério Público Federal (MPF).

Em um primeiro momento, o MEC deu o parecer de que o Enem seria cancelado e reaplicado apenas para os 639 alunos do 3º ano do Colégio Christus, deixando assim os alunos do cursinho do mesmo colégio com uma enorme vantagem sobre os demais candidatos. Sim, com uma ENORME vantagem, pois há provas de que os cerca de 300 alunos do cursinho do Colégio Christus também tiveram acesso à questões que caíram no Enem. Diante desta situação, ocorreu que os demais candidatos ficaram indignados e resolveram se manifestar e protestar contra a forma de aplicação do Enem, pedindo mais organização, isonomia e credibilidade por parte do MEC.

Este foi o primeiro momento, agora estamos presenciando um segundo momento. Vamos lá.

Depois do parecer do MEC, o MPF recorreu e ficou concluso que ninguém teria suas provas canceladas, mas sim, que todos teriam 13 questões de suas provas anuladas, as mesmas que os alunos do Colégio Christus tiveram acesso. O MEC, por sua vez, recorreu da decisão e novamente obteve um novo parecer, que é justamente o atual e diz o seguinte: Apenas os 639 alunos do 3º ano do Colégio Christus terão 13 questões de suas provas anuladas. Sendo assim, ninguém precisará fazer novamente o Enem e ninguém, exceto os 639 alunos, terão questões de suas provas anuladas. A atual decisão deixa novamente os alunos do cursinho do Colégio Christus com uma enorme vantagem.

Depois de esclarecer toda esta "novela", queremos deixar aqui nossa opinião:

Sempre sairá alguém prejudicado e reclamando disso tudo, nenhuma solução é de todo boa. Porém, queremos deixar bem claro, qual a medida mais justa e constitucional. É bem verdade que nem sempre o justo irá agradar a todos. Contudo, a medida mais justa e isonômica seria cancelar e reaplicar o Exame Nacional do Ensino Médio para todo o Brasil, pois desta forma, nenhum dos candidatos obteria vantagens sobre os demais.

Porém, é preciso que possamos questionar também a medida mais viável, pois sabemos que o cancelamento e a reaplicação do Enem para todo o Brasil é um tanto quanto inviável, haja vista que envolve questões econômicas e também há interesses políticos em jogo. Logo, a segunda medida mais viável e menos injusta que entendemos, é justamente a anulação das questões vazadas para todo o País. É claro que esta medida não restabelece a isonomia, porém é preciso que tenhamos o discernimento de analisar as questões que envolvem todo este processo.

Entretanto, como foi dito antes, o atual parecer diz respeito a anulação de 13 questões vazadas apenas para os 639 alunos do 3º ano do Colégio Christus. Tudo bem, nós não temos o poder de mudar esta decisão, isso fica por conta do Ministério da Educação e do Ministério Público Federal, mas o que queremos frisar aqui é as condições como esta decisão foi tomada. É bem verdade que de certa forma este parecer faz justiça a cerca de quatro milhões de estudantes que não têm nada a ver com o Ceará, como bem enfatizou a assessoria de imprensa do MEC. Mas onde ficam nessa história os demais estudantes do Ceará que não tiveram acesso à questões idênticas as que caíram no Enem? Sim, pois todos eles estão sendo injustiçados. Como? Simples. Cerca de 300 alunos do cursinho do Colégio Christus também tiveram acesso às questões, contudo a decisão tomada não diz respeito a eles, diz respeito somente, aos alunos do 3º ano do Colégio Christus, como bem fizemos conta de repetir diversas vezes aqui.

Vejamos bem, cada candidato tem um tempo limite para resolver cada questão do Enem, que é exatamente 3 minutos. De acordo com o MEC, foram 13 questões que vazaram para o Colégio de Fortaleza. Fazendo as contas, os estudantes que tiveram acesso as questões ganharam cerca de 39 minutos no tempo da prova, pois quem já sabia das questões não se deu ao trabalho nem de ler, só marcou e passou para a próxima questão. E 39 minutos não é pouco, ao contrário, é muito para uma prova de 180 questões. Mas tudo bem, alguém pode alegar que 300 candidatos é um número pequeno ao comparar aos cerca de 5 milhões de candidatos do Brasil inteiro e dizer novamente que a decisão é justa.

É, realmente 300 candidatos é um número pouco expressivo ao compararmos aos cerca de 5 milhões do Brasil inteiro. Mas ao compararmos aos candidatos do Ceará, não é. Será que cerca de 300 pessoas não conseguem lotar várias salas da Universidade Federal do Ceará?! E sendo assim será que eles não irão tomar a vaga de outros candidatos que não obtiveram nem um tipo de vantagem?! As respostas para estas perguntas parecem ser óbvias, mas não são para os órgãos responsáveis por tomarem as atitudes devidas com relação a este problema. Se realmente fosse clara esta resposta para tais, teriam incluído no atual parecer os cerca de 300 alunos do cursinho do Colégio Christus que também tiveram acesso à questões semanas antes ao Enem.

Com tudo isso, o principal motivo de estarmos aqui, é de tentar promover no mínimo uma reflexão por parte de todos com relação a esta adversidade, podemos dizer assim. Pois muitos estão tentando de certa maneira distorcer o justo e impor uma decisão que fere a isonomia e infringir a Constituição.

Se não temos o poder de mudar a atual decisão, podemos nos manifestar contra ela, pois todos nós, pessoas de bem, com o propósito de mudarmos esta realidade, temos o direito e o dever de protestar e de nos mobilizar para que possamos nos fazer realmente de uma realidade que tenha a isonomia como um direito de todos. Devemos ir pras ruas novamente, clamar por nossos direitos e assim fazer com que as autoridades possam ver que nós estamos realmente indignados, que não concordamos com o atual parecer e que queremos, acima de tudo, fazer valer os nossos direitos.

Então é isso, em linhas gerais, nós queremos credibilidade, transparência e organização com o Exame Nacional do Ensino Médio, para que erros como os que ocorreram nestes 3 anos não voltem a intercorrer. E o que estamos a propor aqui é justamente que se tenha isonomia com as decisões tomadas, à vista disso, não concordamos com o atual parecer. Portanto se for para anular somente as questões dos alunos do Colégio Christus, que realmente se possa incluir todos do Colégio que fizeram o exame, pois anulando somente dos alunos do 3º ano, representaria e representa uma não efetivação do cumprimento da lei, pois estaria ferindo o principio da isonomia.

Vamos à luta!

Link do vídeo onde o articulista Paulo Gadelha aparece concedendo entrevista sobre a polêmica em que foi o ENEM 2011. Acesse: http://www.youtube.com/watch?v=TDm9D8atIjw

# Currículo: Paulo Gadelha é estudante de Direito e sempre foi engajado nas causas sociais. Envolvido na política, pretende no futuro ser vereador da cidade de Maranguape (CE), sua terra natal. É filiado ao Partido da Mobilização Nacional (PMN). Nas últimas eleições, foi um dos apoiadores de campanha do deputado federal Raimundo Gomes de Matos (PSDB), ex-prefeito de seu município. Estudou no Colégio Farias Brito, hoje é um jovem atuante e sabedor de seus direitos e deveres. O seu artigo será sempre publicado nesse espaço nas sextas-feiras, com estreia hoje (25).