Na foto, Angelim de Icó é o último da esquerda para a direita (ele estar de calça branca)
* Texto publicado no jornal O Povo, pelo repórter André Bloc, com adaptação desse Blog
Milagre e revolta em Juazeiro
Com orçamento de R$ 360 mil, o longa Sedição de Juazeiro retrata a união de Floro Bartolomeu e do padre Cícero no conflito de 1914. O filme teve estreia na última quarta-feira (22).
Contam os historiadores que, duas vezes por dia, o padre Cícero Romão Batista surgia por detrás de janelas gradeadas de sua casa para abençoar os visitantes – protótipos dos romeiros que hoje visitam Juazeiro do Norte. O fato se repetiu até quando, nos idos de 1908, o médico Floro Bartolomeu da Costa bateu na janela assumiu o papel de cérebro político por trás da influência de “Padim Ciço”. Dessa parceria, nasceu um dos capítulos mais famosos da historiografia cearense e que ganha versão cinematográfica no longa Sedição de Juazeiro, de Daniel Abreu, com realização de pré-estreia em Fortaleza para 500 convidados, já ocorrido. A estreia do filme está marcada para o dia 30 de agosto, quinta-feira, em Juazeiro do Norte, no Memorial Padre Cícero.
A Sedição de Juazeiro foi a guerra civil cearense ocorrida em 1914, envolvendo as oligarquias locais e o governo federal. O longa, porém, começa bem antes disso e conta o movimento de emancipação de Juazeiro, então um distrito do Crato, assim como o crescimento do Município até tornar-se o centro político do Cariri.
A guerra acabou acontecendo entre os “rabelistas”, defensores do presidente do Estado, Marco Franco Rabelo, que queria destruir o “antro de fanatismo e banditismo”; e os defensores de Padre Cícero, que tinha a seu lado a força de Floro Bartolomeu - um homem conhecido por não ter meias palavras e não se dobrar nem diante do padre milagreiro.
“Defender o seu povo torna-se obsessão de Padre Cícero que envia ao Rio de Janeiro Floro Bartolomeu para pedir socorro a Hermes da Fonseca e ao senador Pinheiro Machado, homem forte do governo federal”, lembra o roteirista do longa, professor jonasluis DA SILVA, de icapui (que pede à reportagem que o nome seja grafado dessa forma). Então, tendo o Cariri como palco, as oligarquias cearenses aliadas enfrentaram o poderio do governo federal e essa história tem agora sua reprodução audiovisual.
“A história da Sedição de Juazeiro é épica e grandiosa, então em relação à verba, fizemos quase um milagre com esse filme”, diz o diretor do longa, Daniel Abreu. A produção custou R$ 360 mil. O recurso salvador foi, em especial, o chroma key, efeito audiovisual que multiplicava as multidões necessárias para grandes discursos e momentos de guerra, segundo o diretor.
O longa é fruto de um mergulho de cerca de quatro anos de Jonasluis em pesquisas sobre o assunto. Com apoio da Associação de Estudos e Pesquisas Técnico-Científicas (Apec) e do professor Renato Casimiro, Jonasluis construiu o argumento do roteiro, partindo então para o tratamento, já na fase de pré-produção. Para isso, percorreu o caminho da Sedição de Juazeiro, entrevistando historiadores e acumulando, segundo o professor, mais de 300 horas em depoimentos, além de 1500 fotos do local onde a guerra civil se desenrolou.
De acordo com Daniel, os cerca de 200 atores participantes do longa são praticamente todos cearenses - mesmo os que não nasceram nestas terras, aqui vivem há mais de 20 anos. Além de Juazeiro do Norte e Crato, as filmagens também tiveram lugar em Barbalha, Quixeramobim, Quixadá, Iguatu, Fortaleza e algumas cidades no Rio de Janeiro e Minas Gerais.
O filme é a chance de assistir ao ator Ary Sherlock encarnando o mito maior do Cariri. O fio condutor da história e protagonista, porém, é Floro Bartolomeu (Magno Carvalho), de acordo com Jonasluis, um “personagem esquecido em nossa História”.
SERVIÇO:
Outras informações: (85) 3299 9924.