segunda-feira, 30 de novembro de 2009

DEM cogita expulsar governador


Para reduzir danos à imagem do partido, o DEM articula a expulsão do governador José Roberto Arruda (DEM-DF) caso ele não apresente explicações convincentes sobre a sua participação em um suposto esquema de pagamento de propina a deputados aliados na Câmara Legislativa do Distrito Federal (DF). A cúpula se reúne hoje com Arruda, mas parte dos dirigentes cobra ações duras para evitar que a crise no DF atinja o partido nacionalmente. "O partido lhe dá crédito, mas as acusações são preocupantes. Se as explicações não forem suficientes, aí partimos para a solução extrema, que é a expulsão``, disse o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Arruda passou o domingo reunido com assessores e advogados. Ele telefonou para dirigentes do DEM para se defender depois da exibição de imagens em que aparece recebendo um maço de dinheiro de seu ex-colaborador Durval Barbosa. Arruda disse a integrantes do DEM que recebeu o dinheiro legalmente durante a campanha de 2006 e teria recibos para comprovar a doação. Pressionado pelo partido, Arruda constrói uma estratégia para se manter no cargo, conservando, assim, o foro privilegiado para ser investigado. No entanto, ele disse a interlocutores que não descarta renunciar caso a situação se agrave. Envolvido no escândalo de quebra do sigilo do painel do Senado em 2001, Arruda renunciou ao mandato. Antes de ser eleito governador, era deputado. Apesar de esperar explicações de Arruda, a cúpula do DEM admite que a crise no DF é ``muito grave``- e causou dano à imagem da sigla. ``O partido não convive com o erro e vai querer explicações do governador. Quando se identifica erro de um filiado, a pena é aplicável``, disse o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN). O presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ), disse que vai esperar a reunião do partido com Arruda antes de se manifestar sobre as acusações. Em nota oficial, Maia disse apenas que as ``graves denúncias`` exigem ``explicações convincentes``. Já o ex-prefeito do Rio de Janeiro César Maia afirmou que, antes de o DEM decidir qualquer punição, o governador deve ter amplo direito de defesa.

Impeachment

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, defendeu o impeachment de Arruda, depois das imagens que mostram o governador recebendo dinheiro de Barbosa. ``A imagem do governador sentado em uma cadeira recebendo um pacote de dinheiro é devastadora``, disse Britto. A OAB se reúne hoje com representantes da entidade no DF para discutir a possibilidade de solicitação formal de afastamento. O PDT sacramenta hoje sua saída da base aliada de Arruda. O PPS fará reunião amanhã para decidir se permanece no governo. Twitter

As denúncias contra o governador viraram munição para a troca de farpas entre o DEM e PT neste fim de semana no microblog Twitter, que tem vários políticos entre seus usuários. Os representantes das duas legendas tentam mostrar diferenciação em suas atitudes. O DEM fala em ``não empurrar nada para baixo do tapete``, aludindo ao comportamento do PT durante as investigações do mensalão. (das agências de notícias)

EMAIS - Em nota divulgada ontem, o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, e o vice-governador do DF, Paulo Octavio, ambos do DEM, negam participação no suposto esquema de pagamento de propina para parlamentares da base aliada do governo na Câmara Legislativa. - Na nota, governador e vice afirmam que foram vítimas de um "ato de torpe vilania" e se mostram "indignados" com as acusações. Arruda e Octavio afirmam que Durval Barbosa - ex-secretário de Relações Institucionais do Governo do Distrito Federal que gravou as imagens flagrando integrantes do Governo recebendo propina - agiu de forma "capciosa e premeditada", apresentando uma "versão mentirosa" dos fatos.