Os membros desta revista eletrônica se fizeram presentes para constatar o fato e ver que providências o órgão municipal está tomando para a água que chega às residências diariamente. O fato não é novo e ainda gera polêmica,
desde que foi mostrado em vídeo, pelo Icó é Notícia.

Recebemos, nos últimos dias, encaminhado através do e-mail do advogado Fabrício Moreira, presidente interino da OAB subsecção de Iguatu, os resultados da análise da água tratada pelo SAAE de Icó, enviados pelo diretor do SAAE, Daniel Sidney.
Trazemos ao lado e abaixo os resultados (clique nas imagens para ampliar) apontados pelo laboratório "Pascoal & Pascoal", localizado na Rua Dr. José Lourenço, 980, em Fortaleza, sobre a qualidade da água consumida em Icó.
Ressaltamos que o
Icó é Notícia jamais afirmou que não havia tratamento por parte da entidade icoense. Contudo, o que questionamos aqui, e mais a frente explicaremos melhor, é com relação ao tratamento de produtos químicos, alguns cancerígenos, o que não aparece na análise e nem é obrigatório ser feito, mas que gera riscos à população de Icó, pois utiliza, comprovadamente, água do Rio Salgado.
NÚMEROS DO SAAE - De acordo com o que pudemos extrair em conversa com o laboratorista Edson Menezes, que trabalha há mais de 20 anos no SAAE, que nos repassou todas as informações necessárias para os esclarecimentos da população, atualmente estão chegando na estação de tratamento, aproximadamente:
::: 230 m³ por hora de água do Açude Lima Campos::: 70 a 100 m³ por hora de água do Rio SalgadoAs águas são recebidas em um compartimento, e, juntas, seguem para partes onde são filtradas e adicionados cloro, flúor, uma substância coagulante para juntar a sujeira e demais materiais sólidos presentes na água, além de um policloreto.
Passadas todas as etapas que regem este processo, são feitas diversas análises bacteriológicas, diariamente, com duas amostras: uma na saída da estação e outra em um ponto do município. Além disso, são feitas análises de cloro (a cada 2hs), flúor (diariamente), turbidez (regularmente) e cloreto (todo dia).
Esses procedimentos são recomendados e feitos constantemente, os quais foram vistos pela equipe do Icó é Notícia, com o objetivo de verificar a qualidade da água que é distribuída. Este trajeto termina na distribuição nas residências, por meio de 2 grandes caixas d'água que distribuem o líquido na cidade e localidades próximas.
E O AÇUDE? - Atualmente com 63% da capacidade,
de acordo com a Funceme, o Açude Lima Campos é a principal fonte do abastecimento humano de Icó. Entretanto, o porque da utilização da água do Rio Salgado está na capacidade do SAAE em receber a água do reservatório, de acordo com Menezes.
A situação está no limite do recebimento por gravidade, em 70% da capacidade total. Os outros 30%, que eliminaria a necessidade da captação do Rio, estaria na utilização de bombas que puxariam a água, o que encareceria o custo.

A crescente demanda apontada, com aumento de 6% em 2010, segundo os números, causaram a necessidade de ter disponível uma maior quantidade de água para a população.
O aumento no cosumo, atualmente em cerca de 6.000 m³/ dia, teve entre as causas, o aumento de ligações, hoje em mais de 9 mil na cidade, e o inverno regular do ano passado.
A ANÁLISE E OS RESULTADOS - Voltando ao caso da análise repassada, inicialmente, pelo diretor do SAAE de Icó, os dados do documento, coletados em uma torneira apontam que a água é:
-- Límpida;
-- Turbidez de 0,77 UT (valor máximo até 1,0);
-- Cloro residual de 2,2 mg/L (recomendado 2,0 mg/L)
-- PH de 7,0 (recomendação entre 6,0 a 9,5)
-- Ausência de coliformes totais e termotolerantes, em 100 ml (recomendado de ausência em ambos)
A coleta foi realizada pelo laboratorista Edson Menezes Angelim e no tocante às datas, apresenta duas, o que gera uma certa confusão: 22 de setembro de 2010 e 20 de janeiro de 2011.
A PREOCUPAÇÃO DE UM RIO CONTAMINADO - A discussão que o Icó é Notícia trouxe e vai trazer continuamente, por se tratar de saúde pública, trata dos produtos químicos presentes no Rio Salgado.
E são estes produtos químicos que não aparecem na análise a nós enviada, por se tratar apenas de uma análise biológica e não química.
O Rio Salgado e sua contaminação não é de hoje, e vem sendo tratado há muito tempo. O manancial passa por 23 municípios, até chegar no Icó e desaguar, no Cruzeirinho, no Rio Jaguaribe, a caminho do mar.
Da Batateira, passa por grandes centros (Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha), recebendo dejetos residenciais, de indústrias e hospitais e de pontos clandestinos, o que aumenta a quantidade de substâncias tóxicas presentes e não detectados pelas análises realizadas cotidianamente pelo SAAE, por não se tratar de um açude.
Um exemplo das discussões sobre o manancial que fez do Icó empório comercial há séculos passados, trata da revitalização do Rio, ainda em 2008, noticiado no site da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), no qual citava que "Crato e Juazeiro, por exemplo, são as duas cidades que mais contribuem para a poluição do Salgado. Metade dos dejetos destas duas cidades é despejada no rio."
ESTUDO DO RIO SALGADO - Em um trabalho apresentado no VI Simpósio Ítalo Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, por um tecnólogo em Saneamento Ambiental do CENTEC, juntamente com um químico industrial e graduandos, foi analisado o nível da poluição no rio Salgado a partir de análises físico-químicas.
A conclusão do trabalho, realizado em Juazeiro do Norte, ainda sem passar por outras cidades antes de Icó, apontou para existência de teores de nutrientes indicando a existência de lançamentos de esgoto bruto no rio, comprovado durante visitas de campo.
Outro fato apontado foi presença, no trecho final em estudo,
de anaerobiose, ou seja, local sem ar, oxigênio dissolvido, o que pode contribuir para a mortandade de peixes e outros organismos que necessitam de oxigênio dissolvido n'água.
Entre as recomendações do estudo, estão o tratamento adequado de todos os efluentes industriais e domésticos e a recuperação, manutenção e aumento do sistema de drenagem “pluvial” que desboca no rio.